Autor(a): Mainak Dhar
Número de páginas: 256
Sinopse: Você está pronto para as armadilhas do outro lado? Mais de dois anos se passaram desde que Alice seguiu um Mordedor com orelhas de coelho e entrou em um buraco, o que deu início a uma série de acontecimentos que mudaram a vida dela e a de todos que moram no País das Armadilhas. A Guarda Vermelha resolvera conceder trégua; Alice havia reinstaurado a paz entre humanos e Mordedores e, sob a liderança dela, os humanos tinham conseguido fundar a primeira comunidade real e verdadeiramente organizada desde a Insurreição — uma cidade chamada País das Maravilhas. Entretanto, o aparente estado de paz é rompido depois de diversos ataques dos Mordedores e Alice se vê rejeitada pelas mesmas pessoas por cuja liberdade ela lutou. Agora precisa voltar ao País das Armadilhas para desvendar essa nova conspiração que ameaça o País das Maravilhas. E fazer isso significa ficar frente a frente com sua maior e mortal adversária — a Rainha Vermelha.
Olá gente lindaaaa!
Hoje vim falar sobre o segundo volume da trilogia "Alice no país das Armadilhas", que reconta a famosa história de Alice, mas em meio a uma sociedade caótica e muitos Mordedores (zumbies).
Confiram minha resenha do primeiro volume da trilogia AQUI!
Em "Alice e as Armadilhas do outro lado do Espelho", acompanhamos Alice em sua nova realidade, na recém conquistada e, ainda, bastante frágil liberdade. Após o confronto com a Guarda Vermelha, ao lado de seus leais Mordedores, Alice e o povo do país das Armadilhas conseguiram mostrar que não estão mais dispostos a serem tratados como animais ou escravos. Juntos, criaram o País das Maravilhas. Claro que o custo foi bastante alto, além da humanidade da própria Alice, que acabou se tornando uma Mordedora, muitas vidas foram sacrificadas em nome de um bem maior: a liberdade do povo.
"O que Alice mais lamentava era não ter mais a capacidade de chorar, uma vez que não era mais totalmente humana." (página 7)
Após pouco tempo em sua nova vida, diferente daquela em que era necessário matar mordedores para sobreviver, viver apenas para sobreviver, o povo do País das Maravilhas parece ter se esquecido que a paz recém conquistada precisa ser defendida. Por isso, os mesmos erros parecem estar prestes a se repetir.
O mesmo povo que Alice liderou e por quem ela perdeu praticamente tudo o que possuía, como sua família e sua humanidade, agora lhe olha com desconfiança e em meio a diversos acontecimentos desastrosos, elegem um novo líder, um homem que nunca escondeu que deseja poder. E os mordedores, que a ajudaram na luta, que não mediram esforços para ajudar o povo a conseguir a liberdade, são novamente vistos como monstros, como criaturas irracionais. É, o ser humano é engraçado, é ingrato, é cruel...
"Apesar de ter passado tanto tempo com os Mordedores e de se parecer com eles em alguns aspectos, Alice ainda tinha muito o que descobrir sobre essas criaturas. Eles a seguiam com extrema lealdade, algo que ela nunca havia visto entre os humanos, nem mesmo entre aqueles que deviam a própria vida a ela." (página 77)
Por meio de capítulos intercalados, acompanhamos os acontecimentos no País das Maravilhas e os planos da Guarda Vermelha, que tem tudo esquematizado para retomar as rédeas da situação. E, embora Alice ainda seja a Rainha dos Mordedores, já não tem poder de voz nenhum sobre o povo que, pouco tempo atrás a seguia rumo à libertação. Então, além de se preparar para o confronto com a Guarda Vermelha, que parece ser inevitável, Alice precisa respeitar a decisão do povo em eleger um novo líder e assistir calada ao modo como as coisas vão retrocedendo. Aos pouco a Guarda Vermelha vai se infiltrando no País das Armadilhas em forma de migalhas que são aceitas pelo povo como um presente dos deuses: roupas, brinquedos, televisões, alimentos...
"[..] as pessoas têm os líderes que merecem simplesmente porque tendem a seguir aqueles que projetam o medo e as aspirações delas." (página 134)
Apesar de se tratar de uma distopia fantástica, é como ler sobre nossa sociedade atual. É claro, não há Mordedores, nem nada, mas não somos muito diferentes do povo do País das Armadilhas que se deixa enganar pelos políticos, que aceita migalhas de bom grado e prefere ignorar certas coisas em benefício do mínimo de conforto e estabilidade. Esse é o ponto de que mais gosto nessa trilogia, a ferrenha crítica social e o modo como o autor transformou o universo de "Alice no país das maravilhas" em algo tão extremo e, ao mesmo tempo, tão familiar e tão real.
"Como uma pessoa pode lutar para libertar um povo que se sente satisfeito com o conforto da escravidão?" (página 143)
"[...] a liberdade é assegurada não por um punhado de heróis e campeões, mas no momento em que cada um dos cidadãos comuns cria coragem para se revoltar contra a tirania." (página 239)
"[...] em qualquer guerra contra a tirania, a arma mais efetiva não é uma bala, tampouco um míssil, mas a liberdade de informação." (página 243)
O livro peca em alguns aspectos, como a falta de desenvolvimento e de aprofundamento tanto nos acontecimentos quanto dos próprios personagens, mas também, isso é o que parece dar agilidade à trama. Por se tratar de algo tão "cru", no sentido se não ficar romanceando nada, se houvesse mais descrições e maior aprofundamento (embora eu goste dessas duas coisas), acho que a leitura ficaria muito densa, impossível de ler tão facilmente. O livro, apesar de nos envolver, principalmente pelas terríveis semelhanças com nossa própria sociedade, é bastante superficial. Outro ponto a ser destacado é a mudança na personalidade da própria Alice. Sério, em momento algum eu pude reconhecer a protagonista do livro anterior. Se isso foi falha do autor ou sua intenção (pelo fato de Alice não ser mais a mesma, mas metade humana e metade mordedora), é impossível saber. No entanto, é uma leitura que eu recomendo, pois cumpre bem duas funções: entreter e satirizar a tirania ainda presente no que hoje chamamos de "democracia".
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Espero que gostem!!
Beijos e amassos!!
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