Editora: Arqueiro
Autor(a): Katja Millay
Número de Páginas: 368
Sinopse: Nastya Kashnikov foi privada daquilo que mais amava e perdeu sua voz e a própria identidade. Agora, dois anos e meio depois, ela se muda para outra cidade, determinada a manter seu passado em segredo e a não deixar ninguém se aproximar. Mas seus planos vão por água abaixo quando encontra um garoto que parece tão antissocial quanto ela. É como se Josh Bennett tivesse um campo de força ao seu redor. Ninguém se aproxima dele, e isso faz com que Nastya fique intrigada, inexplicavelmente atraída por ele.
A história de Josh não é segredo para ninguém. Todas as pessoas que ele amou foram arrancadas prematuramente de sua vida. Agora, aos 17 anos, não restou ninguém. Quando o seu nome é sinônimo de morte, é natural que todos o deixem em paz. Todos menos seu melhor amigo e Nastya, que aos poucos vai se introduzindo em todos os aspectos de sua vida.
À medida que a inegável atração entre os dois fica mais forte, Josh começa a questionar se algum dia descobrirá os segredos que Nastya esconde – ou se é isso mesmo que ele quer.
Eleito um dos melhores livros de 2013 pelo School Library Journal, Mar da Tranquilidade é uma história rica e intensa, construída de forma magistral. Seus personagens parecem saltar do papel e, assim como na vida, ninguém é o que aparenta à primeira vista. Um livro bonito e poético sobre companheirismo, amizade e o milagre das segundas chances.
Olá gente lindaaaa!!!
Hoje venho falar de um livro que, apesar de ter me chamado a atenção já na sinopse, não preparou de forma alguma para o que eu li. O livro me arrebatou logo nas primeiras páginas e a história, que com sua intensidade e elementos angustiantes e perturbadores em altas doses, vai ficar em meus pensamentos por um bom tempo. Um livro digno de ser relido sempre que possível.
A história é narrada em primeira pessoa, alternando entre os pontos de vista dos dois protagonistas, Nastya e Josh, dois adolescentes que poderiam nunca se encontrar, mas que acabam sentindo uma atração mútua não pela aparência física um do outro, mas pela tristeza e solidão que emanam deles.
Nastya tem 17 anos e acaba de chegar na cidade. Seu objetivo é recomeçar sua vida, na verdade esse é o objetivo de seus pais, o seu objetivo é fugir. Fugir do passado, já que não consegue escapar das lembranças.
"Olho para a janela para não ter que olhar para cara dele e mentir com meu silêncio. Não preciso que minha memória volte. É a minha memória que me inferniza. Eu me lembro de tudo.
De cada detalhe.
Todas as noites.
Nos últimos 473 dias." (página 127)
Agora, morando com a tia Margort (com quem passa pouquíssimo tempo por conta do horário em que a tia trabalha), Nastya é (ou tenta ser) uma pessoa diferente... isso não é muito difícil, já que a pessoa que ela era morreu há dois anos. A garota se veste como "uma vadia russa" e se mascara com muita maquiagem. Sua intenção nunca foi fazer novas amizades, então está tudo bem afastar as pessoas com sua aparência.
Desde o início sabemos de duas coisas: 1) Nastya não fala. Ela não é muda, ela simplesmente decidiu parar de falar. 2) Algo terrível lhe aconteceu há dois anos atrás, algo que tem a ver com o fato de ela não querer falar, com o fato de ter de recomeçar, com o fato de ter pesadelos noite após noite...
"Talvez eu não me sinta culpada pelo que aconteceu, mas, quando nos dizem que algo foi completamente aleatório, também estão nos dizendo outra coisa: que nada do que fazemos importa. (...) O mal é muito engenhoso." (página 125)
Josh, por sua vez, também aos 17 anos, é uma pessoa solitária. Desde os oito anos de idade ele tem que lidar com a perda. Um membro de sua família após o outro e ele acabou ficando sozinho. Teve que suportar perder a todos. Assim, ele afasta as pessoas como um dispositivo de defesa. Evita que venha a perder mais alguém. É como se houvesse um campo de força ao seu redor que faz com que as pessoa não tentem se aproximar. Nastya é uma exceção. Ela não conhece seu passado e suas perdas, sua solidão parece atraí-la do mesmo modo que o silêncio dela o atrai. Sua única "família" é a família de seu melhor amigo, Drew (um dos meus personagens favoritos).
"Pessoas que nunca passaram por merda nenhuma sempre acham que sabem como você deve reagir ao fato de sua vida ter sido destruída. E aquelas que passaram por situações complicadas acreditam que você deveria lidar com as dificuldades do mesmo jeito que elas. Como se existisse um roteiro preestabelecido para sobreviver ao interno." (página 29)"
Perdas. O livro trata de perdas. Perda de entes queridos, perda de identidade, perda de sonhos, perda de tudo. Mas também fala de recomeços... de segundas chances.
Apesar de o livro ser do gênero new adult, não há nada carnal ou sexual em relevo na história, o envolvimento entre os protagonistas acontece de forma gradual e é muito mais emocional do que físico. A cada página é possível notar a dependência que uma vai criando do outro, o modo como suas solidões, tristeza e incertezas vão se completando, vão dando o máximo de si para se curar. A relação entre eles não chega a ganhar um nome, assim, quando (e se) terminar, não passaram por mais nenhuma perda.
Como eu disse, Nastya não fala e tem um passado misterioso e sombrio, mas cada peça de seu "quebra-cabeça" vai surgindo aos pouquinhos, de modo que vamos desvendando sua real história e sua real personalidade gradativamente. Isso, além de nos deixar super curiosos, vai nos deixando mais tensos e apreensivos na medida em que nos aproximamos da grande revelação. A dor que senti ao conhecer a história de Nastya foi quase física.
"Acho que sempre vou estar despedaçada. Posso trocar os fragmentos de lugar, rearrumá-los, dependendo do dia, dependendo do que eu preciso ser." (página 129)
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A medida em que vamos lendo o livro, a capa que parecia não fazer muito sentido, acaba se mostrando perfeita. O chão de terra que faz parte das lembranças estarrecedoras de Nastya e o sorvete que tanto a conforta.
Fiquei extremamente satisfeita com o final. Não posso dizer que foi um final feliz e eu já sabia disso durante a leitura... sabia que a história triste Nastya não lhe permitiria o luxo de um final feliz nas últimas páginas deste livro, mas, sem dúvida ela pode se permitir uma segunda chance. O final não é feliz, mas é belo e sensível. Quando li a última frase não consegui evitar um suspiro e um sorriso.
A autora conseguiu me envolver do começo ao fim e não precisou de cenas hot para isso, não preciso de descrições dramáticas e excessivas do sofrimento dos personagens. Ela nos deu tudo na medida certa.
Cada personagem e muito bem construído e nos conquista em poucas páginas. Não me esquecerei de Nastya e Josh e de sua comunicação silenciosa tão cedo. Acho que todo mundo deveria ler este livro em algum momento da vida. Apesar dos personagens jovens, a cada página eles transparecem muito mais idade, como se houvesse carregado o mundo nas costas durante muito tempo. E de fato o fizeram. Super recomendo.
Mais quotes:
"Não é o som em si que me perturba; só o fato de ser alto. Ruídos altos nos impedem de ouvir os baixos, e são o baixos que devemos temer." (página 8)
"Eu não digo uma palavra sequer a outro ser humano há 452 dias. Escrevo minhas três páginas e meia, guardo meu caderno de redação e me deito na cama, sabendo quanto cheguei perto de não completar 453." (página 78)
"Não fiz um voto de silêncio. Não fiquei muda subitamente. Apenas não encontrava as palavras. E ainda não encontro. Nunca encontrei." (página 198)
"Ser beijada por Josh Bennett é um pouco como ser salva. É uma promessa, uma memória do futuro e um livro de histórias melhores." (página 352).
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Classificação:

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Espero que gostem!!
Beijos e amassos!!