7 de dezembro de 2015

RESENHA: Alice no País das Armadilhas

Editora: ÚNICA
Autor(a): Mainak Dhar
Número de Páginas: 256

Sinopse: O planeta Terra foi devastado por um ataque nuclear, e boa parte de sua população se transformou em Mordedores, mortos-vivos que se alimentam de sangue e, com sua mordida, fazem dos humanos seres como eles.
Alice é uma jovem humana de 15 anos que mora no País das Armadilhas, nos arredores da cidade que um dia foi Nova Déli, na Índia. Ela nasceu nessa nova realidade aterrorizante e teve de aprender a se defender sozinha desde cedo.
As coisas mudam quando Alice decide seguir um Mordedor por um buraco no chão: ela descobre a estarrecedora verdade por trás da origem das criaturas e se dá conta da profecia que ela mesma está destinada a consumar — uma profecia que se baseia nos restos chamuscados do último livro encontrado no País das Armadilhas, uma obra chamada Alice no País das Maravilhas .
Uma mistura incomum de mitos, teorias conspiratórias e Lewis Caroll, Alice no País das Armadilhas pode parecer mais uma história de zumbi, mas é uma metáfora instigante de como tendemos a demonizar aquilo que não compreendemos.

Olá gente lindaaa!!
Confesso pra vocês que nunca consegui terminar de ler "Alice no País das Maravilhas", apesar de o livro ser de um gênero do qual eu gosto bastante. Talvez, após ler essa releitura, eu decida finalmente ler a obra original.

"Alice no País das Armadilhas" trata-se de uma distopia bastante sinistra, num futuro pós apocalíptico, onde, após várias guerras (que só o homem é capaz de orquestrar), a vida dos seres humanos baseia-se em tentar sobreviver mais um dia. A rotina diária das pessoas, principalmente as que permanecem no País das Armadilhas, consiste em matar Mordedores e conseguir alimento. Mordedores são o que conhecemos como mortos-vivos e, o País das Armadilhas, é o que restou da antiga cidade de Nova Déli, que hoje é toda destroços.
"Ela ouvira histórias de como as nações humanas tinham travado guerras entre si, movidas pelos deuses que louvavam ou pelo desejo de conseguir petróleo." (página 15)
Alice é uma jovem de apenas 15 anos, mas que sabe matar Mordedores melhor do que ninguém, já que foi treinada pelo pai desde muito cedo. Quando Alice nasceu, o mundo já era dominado por mordedores, por isso ela não tem lembrança alguma de como o mundo era antes. O único mundo que ela conhece é aquele em que ela tem que lutar para sobreviver.
Certo dia, enquanto Alice vigiava os arredores de seu acampamento, ela avistou uma cena curiosa, um Mordedor pulando em direção a um buraco no chão, não sem antes conferir se não havia ninguém observando. A cena foi em si bastante curiosa, pois os Mordedores são conhecidos por serem criaturas famintas e cruéis, sem qualquer tipo de raciocínio ou organização.
"Foi quando ela o avistou. O Mordedor estava usando orelhas rosadas de coelho, o que não causou estranheza para Alice. Quando alguém é mordido e se junta aos mortos-vivos, simplesmente continua a vestir o que estava vestindo no momento em que se transformou." (página 8)
Assim, intrigada pelo fato de o Mordedor parecer um tanto quanto esperto, Alice decide ir atrás dele e é aí que sua aventura tem início e o mundo como ela conhece e as histórias que ela ouviu a vida inteira cairão por terra.
"Agora que ela pudera ver os Mordedores mais de perto, fora do calor da batalha quando tudo o que importava era matá-los ou ser devorada, ela percebeu que embora fossem, sem a menor dúvida, horrendos e capazes de atrocidades, eles também tinham certa capacidade de raciocínio." (página 23)
Presa no que parece ser a sede subterrânea dos Mordedores, Alice começa a perceber (embora no início ela se recuse a acreditar) que os Mordedores não são apenas criaturas cruéis e que a culpa de tudo isso, como não poderia ser diferente, é do homem.
"- [...]. Esse sempre foi o problema de vocês, humanos. Transformam em objeto de ódio tudo o que não conseguem compreender. É tão mais fácil detestar e destruir do que procurar entender." (página 38)
***
O livro todo é uma clara crítica a estupidez do ser humano, a essa mania que temos de querer sempre mais, de fazer coisas loucas por poder, a destruir nosso próprio planeta, a desprezar, rejeitar e destruir o diferente pelo simples fato de não entendermos. E, o fato de Alice não conhecer o mundo como conhecemos, só deixa mais clara essa crítica, pois a protagonista não entende o motivo de o ser humano ter destruído tudo. Afinal, não nenhum motivo realmente convincente para isso, né?!
"Alice no País das Armadilhas" não é apenas uma releitura, pelo contrário, salvo algumas referências à obra de Lewis Carroll, o universo criado por Mainak Dhar é todo novo. A história é narrada de forma bastante crua, sem a menor intenção de romantizar ou deixar as coisas mais bonitinhas e menos chocantes. O final do livro deixa algumas pontas soltas, pois se trata do primeiro volume de uma trilogia, mas preciso dizer que adorei o final (principalmente pelo elemento nada romanceado). Estou louca para saber o que vem a seguir! Recomendo!

Classificação:

***
Espero que gostem!!

Beijos e amassos!!

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