11 de junho de 2018

RESENHA: O Morro dos Ventos Uivantes

Editora: Zahar
Autor(a): Emily Brontë
Número de páginas: 376

Sinopse: Essa é uma história de amor e obsessão. E de crueza, devastação e purgação. No centro dos acontecimentos estão a irascível voluntariosa Catherine Earnshaw e seu irmão adotivo Heathcliff. Rude nos afetos e modos, humilhado e rejeitado, ele aprende a odiar, mas com Catherine desenvolve uma relação de paixão e simbiose, e também perversidade. Nada destruirá a essência desse laço, porém, quando ela se casa com outro homem, por convenções sociais, as consequências são irreparáveis para todos em volta. Caro leitor, você está prestes a adentrar o inferno. Mas não hesite: a viagem valerá cada segundo. Com um olhar agudo e sensível, Emily Brontë fez de O Morro dos Ventos Uivantes um estudo da degradação humana provocada pelas armadilhas do destino e um retrato comovente. Acompanhando a excelente tradução, essa edição traz apresentação, cronologia de obras e vida da autora, mais de 90 notas e ainda dois textos de Charlotte Brontë, escritos para a reedição do livro organizada por ela após a morte da irmã.
Olá gente lindaaa!
Hoje vim falar, mais uma vez, sobre o livro "O Morro dos Ventos Uivantes", que tive a oportunidade de rever em uma #LeituraColetiva. Não poderia começar essa resenha sem falar sobre a experiência de reler esta história, do quanto eu consegui absorver muito mais a essência da história do que quando li pela primeira vez, anos atrás. 
Na primeira vez que eu li (logo após ler a Saga Crepúsculo, como aconteceu com muitos leitores), eu fiquei completamente decepcionada com a obra de Brontë, pois estava esperando um romance adolescente e/ou bem "água com açúcar" como a saga de Stephenie Meyer. No entanto, desta vez, sabendo o que encontraria e o que eu NÃO encontraria, a experiência foi completamente diferente.

Somos apresentados à Wuthering Heights (O Morro dos Ventos Uivantes), a princípio por Lockwood, que resolve visitar seu senhorio, seu único vizinho. Ele relata sua estranha visita e demonstra sua curiosidade não apena em relação ao senhorio, Sr. Heathcliff, mas os demais ocupantes da casa, que parecem tão sombrios e infelizes. Até mesmo os cachorros da propriedade são retratados como feras selvagens. E ainda que sua recepção não tenha sido das melhores, Lockwood regressa à propriedade em que está acomodado, Thrushcross Grange. e prometendo fazer uma nova visita no dia seguinte. E de fato a faz. No entanto, é ainda pior do que a experiência anterior, já que é impedido de deixar a casa por conta do mal tempo. E que noite longa! Cheia de pesadelos extremamente reais.

"-Deixe-me entrar... deixe-me entrar!
- Quem é você? - perguntei, enquanto lutava para me soltar.
- Catherine Linton - respondeu a voz, trêmula (por que pensei em Linton? Tinha lido o nome Earnchaw vinte vezes mais). - Voltei para casa. Estava perdida na charneca!
[...]
- Deixe-me entrar! - E seguia me apertando firmemente, quase me enlouquecendo de medo." (páginas 52-53)
Após a experiência que julgou ser sobrenatural, Lockwood regressa à Thrushcross Grange, onde precisa ficar acamado para se recuperar do resfriado adquirido. E enquanto descansa e se recupera, ouve de sua governanta, Ellen Dean (Nelly), a história sobre O Morro dos Ventos Uivantes, seu senhorio Heathcliff e os demais ocupantes da propriedade. A partir de então, somos todos Lockwood. Somos ouvintes (leitores) de Ellen Dean e somos apresentados aos personagens e suas respectivas histórias. E a cada paula dada, ficamos tão curiosos quanto o próprio Lockwood, Não podemos saber até que ponto a narrativa de Nelly é confiável, mas é a única de que dispomos do início ao fim do romance. 
Tudo começa coma a chegada do pequeno Heathcliff, trazido pelo Sr. Earnchaw após uma viagem. Ninguém sabe a origem do garoto, mas ele é acolhido e amado pelo sr. Earnchaw como se fosse seu o próprio filho. Já seus filhos biológicos, recebem a chegada do "novo irmão" de formas bastante distinta, enquanto Catherine, ou apenas Catthy, o ama desde o primeiro momento, Hindley se sente enciumado, aproveitando todas as oportunidades para humilhá-lo e destratá-lo. 
Após a morte do sr. Earnshaw, no entanto, de filho adotivo, Heathcliff passa a ser tratado como um criado. Todas as humilhações possíveis ele teve de aturar. Mas como Cathy não era diferente, o irmão não fazia qualquer distinção, tratando a ambos de forma negligente. Mas isso não abala o forte sentimento entre Cathy e Heathcliff.
As coisas mudam um pouco quando, após um acidente em meio a uma travessura, Cathy passa alguns dias na casa dos ricos vizinhos, que vivem em Thrushcross Grange. E a partir daí fica bem clara a diferença entre as duas propriedades: uma sombria, fria e repleta de degradação; a outra sempre clara, florida e verdejante. O contraste perfeito entre as propriedades e seus ocupantes. Após alguns dias nesse ambiente tão diferente de sua própria casa e de sua própria realidade, Cathy volta mudada, de modo que Heathcliff se sente ainda mais inferior. Some-se a isso o fato de Cathy agora ter novos amigos, amigos ricos, esclarecidos, civilizados... tão diferentes de Heathcliff. Após alguns anos, já crescida, Cathy acaba aceitando a proposta de casamento de Linton, um dos vizinhos ricos. Não por amá-lo, mas por ser conveniente. Cathy sabe que se casar com Heathcliff, a quem verdadeiramente ama, a tornará ainda mais pobre; ao passo que, casando-se com Linton, ela será capaz de ajudar o amigo a escapar das humilhações sofridas no Morro dos ventos Uivantes.
"[...] ele nunca vai saber o quanto o amo... e isso não porque ele é bonito, Nelly, mas porque é mais eu mesma do que eu. Qualquer que seja a substância das almas, a minha e a dele são feitas da mesma coisa." (página 109)
É por essa atitude que muitos leitores odeiam Cathy e a culpam pela subsequente loucura de Heathcliff, mas... apesar dos métodos ruins, a intenção não era de todo ruim. E, como eu disse anteriormente, não sei até que ponto podemos confiar nas palavras de Nelly, que não é imparcial. Pelo contrário, desde o início ela deixa bem claro o quanto desgostava de Catherine
Ao saber da decisão de Cathy, Heathcliff vai embora sem deixar rastros. Três anos se passam até que ele volte, completamente mudado. Volta rico, bem apessoado. No entanto, encontra sua amada Catherine casada com Linton
"Parecia inteligente e não guardava marcas da antiga degradação. Uma ferocidade um tanto animalesca espreitava, contudo, nos olhos fundos, queimando com um fogo negro, mas estava controlada. Seus gestos tinham dignidade; não havia neles nada de grosseiro, embora tampouco exibissem graça." (página 124)
E é a partir daí que as coisas ficam ainda mais interessantes. Ele começa seu plano de vingança, primeiro contra Hindley, que tanto o humilhou. depois contra Linton, que não apenas lhe tirou Cathy, mas o privou de estar ao lado dela em seu leito de morte. E a vingança de Heathcliff não é algo simples e rápido. pelo contrário, dura anos e abrange até mesmo a geração seguinte. 
"Catherine Earnshaw, que você não encontre descanso enquanto eu viver. Disse que a matei... venha me assombrar, então! As vítimas assombram até mesmo seus assassinos. Acredito... sei que há fantasmas perambulando pela terra. Fique comigo sempre, assuma a forma que quiser, faça-me enlouquecer! Só não me deixe neste abismo onde não posso encontrá-la! Ah, meu Deus! É indizível! Não posso viver sem a minha vida! Não posso viver sem a minha alma!" (página 195)
***
Eu sei que esta resenha está longa, mas ainda assim não chega nem perto de ser suficiente para fazer jus à obra. Alguns dizem que "O Morro dos Ventos Uivantes" é uma história de amor, amor doentio... para mim é uma história de ódio, de vingança, de obsessão. No entanto, embora Heathcliff se mostre cruel, louco até, mesmo tendo lido o livro duas vezes, não sou capaz de dizer se ele é um vilão ou um herói. Talvez eu nunca chegue a uma conclusão sobre isso. 
Mais um questionamento que o livro possibilita é até que ponto a personalidade de uma pessoa é moldada ou influenciada pelo ambiente, e a partir de que ponto se trata de uma questão de "natureza", algo intrínseco. Uma pessoa torna-se cruel e vingativa por ter sido exposta a condições desumanas ou ela já é propensa a essas coisas por natureza. Se pensarmos em Hareton, por exemplo, filho de Hindley que é o primeiro algo de Heathcliff, a quem ele dirige praticamente o mesmo tratamento que recebeu, tornando-o ignorante e bruto. No entanto, isso não o faz cruel como seu "criador". Na obra há tantos personagens emblemáticos, completos e tão reais que a pergunta fica sem resposta.
Seja uma história de amor, ódio, vingança ou obsessão, o fato é que qualquer que seja o sentimento, tanto Catherine quanto Heathcliff só o fazem com intensidade. Ao ler a obra de Brontë é fácil entender o motivo de haver tantas adaptações e releituras até hoje. 
Tantas outras coisa spoderia ser ditas sobre esse livro, mas prefiro deixar que vocês leiam e tirem suas próprias cnclusões. Basta saber o que não esperar dessa obra: um romance água com açúcar. Pois, se existe uma coisa que falta nessa história é açúcar. 

Classificação: 

***
Confiram algumas postagens especiais feitas durante a #LeituraColetiva:

Adaptações cinematográficas, televisivas e etc. de O Morro dos Ventos Uivantes:


Quotes:

***
Espero que vocês gostem!!

Beijos e amassos!!

Nenhum comentário

Postar um comentário

Deixe sua opinião ou sugestão e faça uma blogueira feliz! :)