22 de maio de 2017

RESENHA: Véu do Tempo

Editora: Jangada
Autor(a): Claire R. McDougall
Número de páginas: 368

Sinopse: A medicação para a epilepsia mantém Maggie num estado permanente de torpor, mas não consegue aliviar sua dor por ter perdido a filha em decorrência da mesma doença. Com o fim do seu casamento e o filho mais velho num colégio interno, Maggie se muda para uma casa de campo nas ruínas de Dunadd, o local histórico que um dia foi a sede da realeza da Escócia. Tudo muda em sua vida após uma convulsão, e Maggie desperta num vilarejo dentro dos muros de Dunadd do século VIII. Mesmo sem saber se isso realidade ou apenas uma alucinação causada pela doença, ela é atraída pela presença de Fergus, irmão do rei e pai de Illa, uma menina que tem uma semelhança impressionante com a sua falecida filha. Mas, com as demandas do presente chamando-a de volta, conseguirá Maggie deixar para trás o príncipe escocês que já a chama de meu amor?

Olá gente lindaaaa!
Hoje vim falar sobre um livro que tem como elementos: viagem no tempo, um príncipe escocês, romance, batalhas, druidas, pedras.... e não, não estou falando de Outlander. Mas, dá pra entender o motivo de eu ter ficado tão curiosa em relação a essa história, dada a referência à minha série favorita.
Bem, confesso que minhas expectativas não foram alcançadas, mas não posso julgar o livro em função disso, né?! Afinal, "desbancar" ou se assemelhar ao fenômeno Outlander não é tão simples.

Desde a infância Maggie, de 38 anos, sofre de epilepsia. E a doença a tem acompanhado durante toda a vida, sendo um fardo na infância - quando tentavam curá-la de diversas formas no colégio de freiras onde estudava - e mesmo na vida adulta, acabando até mesmo com seu casamento, já que para ficar livre (ou tentar) de crises, ela precisava viver a base de remédios.
Após o final de seu casamento (resultado não apenas de suas constantes crises e do fato de o uso de remédios ser cada vez mais frequente, mas também pela dificuldade em superar a morte de sua filha caçula, que morreu de um ataque epilético aos 8 anos de idades, dois anos atrás), seu filho de 15 anos vai para um colégio interno e Maggie resolve se isolar em um chalé aos pés das ruínas de Dunnad, uma cidade pequena e chuvosa no interior da Escócia. Além de se dedicar à sua teses sobre a queima das bruxas, Maggie pretende se preparar psicológica e emocionalmente para o que lhe aguarda dali há poucos meses: uma cirurgia cerebral que promete acabar com seus estranhos sonhos.
Acontece que a cada crise epilética, Maggie tem sonhos bastante realistas, de modo que no início do livro é impossível saber com certeza se se tratam de simples sonhos ou se Maggie viaja no tempo sempre que tem uma crise.
"Muito antes de meu distúrbio receber um nome, eu já tinha sonhos. Não sonhos passageiros, mas o tipo de sonho, em sono profundo, que se entrelaça ao tecido da mente e não vai embora." (página 9)
No entanto, por meio de capítulos intercalados, conhecemos Fergus, um príncipe escocês viúvo do século VIII. Isso mesmo, século VIII! É a partir daí que percebemos que a cada crise, Maggie viaja para o passado, um passado tão distante e tão diferente da própria realidade, mas que a faz questionar sobre qual é o seu verdadeiro lugar.
É em um desses "sonhos" que ela conhece e se apaixona por Fergus, um príncipe escocês, viúvo e pai de uma garotinha de 8 anos de idade, que é a imagem e semelhança da filha que Maggie perdeu anos atrás. Isso, além do fato de pela primeira vez em anos ela sentir algum desejo por um homem (já que seus medicamentos também influenciam em sua vida sexual) é suficiente para abalá-la e fazer com que ela deseje ficar.
"Ele me perguntou quem sou eu, mas há muitos eus - como uma imagem refletida num espelho quebrado, estou espalhada por toda parte." (página 128)
Em meu ao dilema de Maggie (seguir em frente e fazer a cirurgia ou se arriscar a continuar tendo crises epiléticas para poder ficar com Fergus?) vamos conhecendo um pouco sobre acontecimentos históricos do lugar, com várias descrições detalhadas, mas não enfadonhas, da paisagem de Dunnad. Além, é claro, do fato de Maggie saber o triste destino de Dunnad e do povo...
Por se passar no século VIII (enquanto Outlander se passa no século XVIII), temos uma noção melhor do papel do cristianismo no fortalecimento do patriarcado, e pelo fato de Maggie estar trabalhando em uma tese sobre a queima das bruxas, informações referentes a isso não passam despercebidas à nossa protagonista.
"- A mulher - continuou o monge mais velho, curvando-se ligeiramente para a mulher da realeza em sua companhia -, diz o livro, foi a culpada pelo sofrimento que sobreveio ao mundo. Ela deu ouvidos a serpente e desafiou Deus; ela tentou ter mais conhecimento do que deveria.
- Como uma mulher pode ter conhecimento em demasia? - perguntou Fergus. - Do que serviria uma mulher sem conhecimento?"
(página 177)
Confesso que gostei bastante da premissa da história e achei bastante criativa a ideia de viagem no tempo por meio de crises epiléticas, do fato de a protagonista levar algum tempo para entender que não se tratavam de simples sonhos. No entanto, senti falta de um maior aprofundamento dos personagens. Além da própria protagonista, da qual também sabemos bem pouco (sabemos de sua doença, de sua perda, de seu casamento fracassado...), não sabemos muito sobre outros personagens, mesmo Fergus, cujas descrições e tentativas de aprofundamento me pareceram um tanto superficiais. Não consegui me apegar a nenhum dos personagens.
É claro que eu fiquei bastante intrigada pelo cenário histórico presente no livro, mas por diversos momentos não achei que o comportamento da protagonista condizia com a idade, sério... se apaixonar perdidamente por um estranho sem nem ao menos conseguir se comunicar minimamente com ele (já que o idioma dele é o gaélico, idioma do qual ela sabe poucas palavras), ficar dividida entre esse estranho (do século VIII!!!!) e o próprio filho, que já se sentia negligenciado mesmo antes da morte da irmão. Não sei, não fez muito sentido pra mim. Podem me chamar de anti-romance.
"Parece que desperdiçamos a maior parte da vida tentando não morrer. Mas, no fim, a morte acontece de um jeito ou de outro. O tempo é uma medida tão inútil para quantificar qualquer coisa... O máximo que você pode dizer é que nascemos e que morremos. O que vem no meio é uma pequena pausa. Na grande expansão do universo, a pausa não é nada mais do que algumas respirações. Tentamos fazer com que isso signifique alguma coisa, acrescentando-lhe anos, mas os anos não a tornam maior. Estamos aqui, partimos. Outra coisa qualquer toma o nosso lugar." (página 104)
***
Mas, no geral foi uma ótima leitura, já que sempre fico fascinada com elementos históricos, viagem no tempo e uma pitada de romance. O que me desapontou um pouco foi o final, que me pareceu um tanto incerto. Quer dizer, não é incerto, mas senti a necessidade de saber o que acontece depois... Fiquei feito louca procurando em comunidades de leitores pra saber se há alguma continuação, mas não encontrei nada.  

Classificação:

***
Espero que gostem!!

Beijos e amassos!!

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