4 de dezembro de 2017

RESENHA: Sejamos todos feministas

Editora: Companhia das Letras
Autor(a): Chimamanda Ngozi Adichie
Número de páginas: 64

Sinopse: O que significa ser feminista no século XXI? Por que o feminismo é essencial para libertar homens e mulheres?
Chimamanda Ngozi Adichie ainda se lembra exatamente do dia em que a chamaram de feminista pela primeira vez. Foi durante uma discussão com seu amigo de infância Okoloma. “Não era um elogio. ‘Percebi pelo tom da voz dele; era como se dissesse: Você apoia o terrorismo!’.” Apesar do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e – em resposta àqueles que lhe diziam que feministas são infelizes porque nunca se casaram, que são “antiafricanas” e que odeiam homens e maquiagem – começou a se intitular uma “feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens”.
Neste ensaio preciso e revelador, Adichie parte de sua experiência pessoal de mulher e nigeriana para mostrar que muito ainda precisa ser feito até que alcancemos a igualdade de gênero. Segundo ela, tal igualdade diz respeito a todos, homens e mulheres, pois será libertadora para todos: meninas poderão assumir sua identidade, ignorando a expectativa alheia, mas também os meninos poderão crescer livres, sem ter que se enquadrar em estereótipos de masculinidade.
Olá gente lindaaa!
Hoje vim falar sobre mais um livro super curtinho da maravilhosa Chimamanda Adichie, "Sejamos todos feministas".
Esse livro é, na verdade,  é uma adaptação do discurso feito pela autora no TEDx Euston, que conta com mais de 1,5 milhão de visualizações (http://tedxtalks.ted.com/video/We-should-all-be-feminists-Chim).

A autora, em uma fala direta e pessoal, começa seu discurso tentando mostrar o quanto a palavra "feminismo" é sempre acompanhada de uma série de esteriótipos e uma carga negativa. Isso de deve, entre outras coisas, ao fato de reproduzirmos discursos equivocados (e machistas) sobre o feminismo, sem ao menos tentarmos nos informar e entender sobre.
"Tenho a impressão de que a palavra 'feminista', como a própria ideia de feminismo, também é limitada por estereótipos." (página 8)
"Estou tentando desaprender várias lições que internalizei durante a minha formação, mas às vezes ainda me sinto vulnerável quando deparo com expectativas de gênero." (páginas 39-40) 
A primeira vez em que Chimamanda foi chamada de feminista foi aos quatorze anos, no meio de uma discussão sobre livros com seu melhor amigo. Na época a autora não sabia o significado da palavra, mas pelo tom de voz do amigo ao afirmar que ela era uma feminista, ela soube que não se tratava de um elogio. Depois disso, ao longo de sua vida, quando as pessoas diziam que ela era uma feminista, sempre concluíam seus discursos tentando convencê-la de que não era uma boa ideia, ora dizendo que "as feministas são mulheres infelizes", fazendo com que Chimamanda se autointitulasse uma feminista feliz; ora dizendo que "a feminista odeia os homens", fazendo com que a autora se afirmasse enquanto uma feminista feliz que não odeia os homens e etc. Trata-se, mais uma vez, de esteriótipos e, também, de rótulos. Porque todos precisamos nos enquadrar em uma caixinha ou outra, porque tudo precisa ser rotulado?
E a autora apresenta todos esses exemplos e experiências para ilustrar como a palavra "feminista" tem um peso negativo:
"[...] a feminista odeia os homens, odeia sutiã, odeia a cultura africana, acha que as mulheres devem mandar nos homens; ela não se pinta, não se depila, está sempre zangada, não tem senso de humor, não usa desodorante". (página 15)
E aponta, mais uma vez, para o fato de que as questões de gênero são importantes e é por elas que as mudanças devem começar. Além disso, Chimamanda nos mostra ainda que é comum que muitas pessoas, em geral homens, acreditem que hoje em dia as mulheres têm tudo o que querem, que não existe sexismo na sociedade  blablablá... mas o buraco é muito mais embaixo. Em vez de ressaltar o gênero das pessoas, deveríamos ressaltar os talentos, as habilidades, etc.
"Homens e mulheres são diferentes. Temos hormônios em quantidades diferentes, órgãos sexuais diferentes e atributos biológicos diferentes - as mulheres podem ter filhos, os homens não. Os homens têm mais testosterona e em geral são fisicamente mais fortes do que as mulheres. Existem mais mulheres do que homens no mundo - 52% da população mundial é feminina -, mas os cargos de poder e prestígio são ocupados pelos homens. A já falecida queniana Wangari Maathai, ganhadora do prêmio Nobel da Paz, se expressou muito bem e em poucas palavras quando disse que quanto mais perto do topo chegamos, menos mulheres encontramos". (páginas 19-20)
E, mas uma vez, assim como em "Para educar crianças feministas - um manifesto", Chimamanda dá uma especial atenção ao modo como costumamos educar nossas crianças, pois essa é a raiz do problema e é por onde devemos começar uma possível e necessária mudança. Assim, pararemos de achar natural que uma criança se recuse a usar uma roupa de determinado cor por se tratar de uma cor de menino ou cor de menina. Cor é apenas uma cor! Assim, pararemos de dizer às meninas para não se sentarem como um menino... isso para dizer apenas dois dos muitos exemplos que podemos encontrar em nosso cotidiano.
"Mas o que realmente conta é a nossa postura, a nossa mentalidade. E se criássemos nossas crianças ressaltando seus talentos, e não seu gênero? E se focássemos em seus interesses, sem considerar seu gênero?" (página 38) 
"Perdemos muito tempo ensinando as meninas a se preocupar com o que os meninos pensam delas. Mas o oposto não acontece. Não ensinamos os meninos a se preocupar em ser ' benquistos'. Se, por um lado, perdemos muto tempo dizendo às meninas que elas não podem sentir raiva ou ser agressivas ou duras, por outro elogiamos ou perdoamos os meninos pelas mesmas razões". (página 27)
"Ensinamos as meninas a sentir vergonha. 'Fecha as pernas, olha o decote'. Nós as fazemos sentir vergonha da condição feminina; elas já nascem culpadas." (página 36)
"O problema da questão de gênero é que ela prescreve como devemos ser em vez de reconhecer como somos. Seríamos bem mais felizes, mais livres para sermos quem realmente somos, se não tivéssemos o peso das expectativas de gênero". (páginas 36-37)
***
Enfim, nem preciso dizer o quanto recomendo esse livro e tudo o que essa mulher escreve. Sempre aprendo muito, não importa quão poucas sejam as páginas dos livros.

***
Espero que gostem!!

Beijos e amassos!!

2 comentários

  1. Saudações Lady Amanda

    Mais uma leitura obrigatória! Fico feliz de conseguir conhecer e saber de livros como esse através de um blog literário.

    Venha visitar o Castelo!

    Att.
    A Rainha ♛ The Queen's Castle
    Mindhunter
    A chama da esperança - Parte II
    Promoções de Natal ativas

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    1. Saudações, Rainha Ana!
      Eu que fico feliz por você ter gostado. <3

      Beijos,
      Amanda

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