4 de fevereiro de 2016

RESENHA: O que Há de Estranho em Mim

Editora: Arqueiro
Autor(a): Gayle Forman
Número de Páginas: 224

Sinopse: Ao internar a filha numa clínica, o pai de Brit acredita que está ajudando a menina, mas a verdade é que o lugar só lhe faz mal. Aos 16 anos, ela se vê diante de um duvidoso método de terapia, que inclui xingar as outras jovens e dedurar as infrações alheias para ganhar a liberdade. 
Sem saber em quem confiar e determinada a não cooperar com os conselheiros, Brit se isola. Mas não fica sozinha por muito tempo. Logo outras garotas se unem a ela na resistência àquele modo de vida hostil. V, Bebe, Martha e Cassie se tornam seu oásis em meio ao deserto de opressão. 
Juntas, as cinco amigas vão em busca de uma forma de desafiar o sistema, mostrar ao mundo que não têm nada de desajustadas e dar fim ao suplício de viver numa instituição que as enlouquece.
Olá gente lindaaaa!!!
Hoje venho falar de um super lançamento da Editora Arqueiro, o livro "O que Há de Estranho em Mim", da autora Gayle Forman. Eu conheci a escrita da autora por meio da duologia "If I Stay" e, após a "decepção" com "Se eu ficar" e o êxtase com "Para onde ela foi", eu achei que seria uma boa hora ler mais algum livro da autora e decidir se eu gosto mesmo da escrita dela. E vocês vão conferir a resposta a isso ao longo dessa resenha.

Brit é uma adolescente comum, com hábitos comuns, embora não seja essa a opinião de seu pai. Guitarrista e vocalista de uma banda, a garota chega tarde dos shows e, aparentemente, não gosta de cumprir regras (segundo sua madrasta megera). Normal para um adolescente, né?! Entretanto, acreditando estar ajudando a filha a superar um acontecimento trágico ocorrido anos atrás, o pai de Brit resolve mandá-la para um colégio especial, comumente conhecido como reformatório.
"- É para o seu próprio bem.
Vi que ele estava chorando e fiquei ainda mais apavorada.
Fui jogada numa saleta abafada e a porta foi trancada. Soluçando, esperei que papai caísse na real, visse a grande besteira que estava fazendo e viesse me buscar. Mas não foi o que aconteceu.. Ouvi-o conversando com uma mulher e depois o barulho do nosso carro indo embora." (página 11)
Porém, todos desconhecem os métodos nada éticos e profissionais da Red Rock, um reformatório que tem dentre os tantos métodos duvidosos, o de incentivar as jovens a xingarem umas as outras. A "vítima" nessa situação, fica no centro de um círculo e é ofendida por todas as outras jovens e, consequentemente, levada ao seu limite. Seus problemas, em vez de serem tratados e trabalhados da maneira certa, são expostos como grandes defeitos, tornando-as aberrações diante de si mesmas.
"Bem-vindos à 'Terapia Confrontativa': um recurso para, supostamente, no fazer encarar nossos problemas, mas que na verdade só faz a gente chorar. De repente, era esse mesmo o objetivo daquilo, pois só depois que a pessoa começava a chorar é que tinha permissão para sair do círculo e 'processar tudo o que tinha acontecido ali." (página 22)
O desejo dos pais de cada jovem é que a personalidade delas seja moldada, que elas sejam consertadas, porém, se algo verdadeiramente acontece na Red Rock é que elas acabam perdendo sua identidade, sua motivação, sua esperança. O medo é cultivado diariamente com o intuito de deixá-las nas rédias curtas. As jovens são constantemente colocadas em situações humilhantes, de modo que algumas delas até acreditam que são tudo o que lhes dizem que elas são. São tratadas como loucas e acabam acreditando nisso.
Na Red Rock, o cultivo de amizades é praticamente proibido, já que a união faz a força. Porém, em meio aos constantes observadores - dentre eles outras jovens, que ganham recompensas por delatarem umas as outras - Brit se aproxima de outras jovens (Martha, Bebe, V, Cassie) e, juntas, compõem um grupo bastante diversificado. Mas uma coisa elas têm em comum: todas odeiam o manicômio em que foram jogadas e estão determinadas a desmascar a falsa instituição. 
"Quem eram os doidos de verdade? Martha ou os pais dela, obcecados pela magreza? Cassie ou seus pais homofóbicos? V ou os pais ricaços, que nem lembravam que tinham uma filha? Bebe ou a mãe que mal parava em casa e só queria saber de cosméticos? Eu ou meu pai, que gostava de se iludir? Quanto mais eu pensava nessas coisas, mais a chama dentro de mim era atiçada." (página 157)
Dentre tantas características comuns a um adolescente, como aversão a madrasta ou fazer parte de uma banda, ser gay ou acima do peso também são tidos como desvios, como passíveis de cura. PELO AMOR DE DEUS! Isso me deixou tão irritada, mas ao mesmo tempo tão chocada. Chocada porque não está tão distante da nossa realidade, né?! Prova disso são os constantes casos de bullying.  
"- É só isso que a gente pode fazer, Brit. Um passo de cada vez. Quando a gente menos espera, chegou a algum lugar." (página 202)
***
O livro nos faz pensar no quão complicada pode ser a adolescência, no diferente modo como as pessoas lidam com certas coisas e, acima de tudo, no modo como a maioria das pessoas não está preparada para ouvir o outro. Pensem comigo: se os pais de cada um dos adolescentes da história optassem por dialogar e tentar ajudar os filhos de uma forma diferente, os resultados seriam outros. Como a própria autora aponta em nota no final do livro "há momentos na vida em que ter alguém que nos ouça pode ser de grande valia". E é isso o que acontece entre as meninas, as "Irmãs Insanas" do Red Rock. Elas fazem sua própria terapia, ouvindo umas as outras e fazendo o possível para se consolarem mutuamente. Sim, a união faz a força, mas a amizade faz milagres!
A narrativa é bastante envolvente, de modo que a leitura flui que você nem percebe. E, respondendo ao que deixei pendente no início da resenha: minhas ressalvas ou dúvidas em relação a escrita da autora acabaram. Super recomendo! E mais: com certeza, esse livro vai te pegar de algum modo. 

Classificação:

***
Beijos e amassos!

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