28 de julho de 2015

RESENHA: Fagementados

Editora: Novo Conceito
Autor(a): Neal Shusterman
Número de Páginas: 368

Só porque a lei diz, não significa que é verdade

Sinopse: Em uma sociedade em que os jovens rejeitados são destinados a terem seus corpos reduzidos a pedaços, três fugitivos lutam contra o sistema que os fragmentaria .
Unidos pelo acaso e pelo desespero, esses improváveis companheiros fazem uma alucinante viagem pelo país, conscientes de que suas vidas estão em jogo. Se conseguirem sobreviver até completarem 18 anos, estarão salvos. No entanto, quando cada parte de seus corpos desde as mãos até o coração é caçada por um mundo ensandecido, 18 anos parece muito, muito longe.
O vencedor do Boston Globe-Horn Book Award, Neal Shusterman, desafia as ideias dos leitores sobre a vida: não apenas sobre onde ela começa e termina, mas sobre o que realmente significa estar vivo.

Olá gente lindaaa!
Vamos falar de distopia? 
Se você já está cansado de livros do gênero e acha que este livro é mais do mesmo, não desista dessa resenha ainda. Fragmentados vai te surpreender!
Se tem uma coisa que esse livro não é, é mais do mesmo. A premissa é super original (e bizarra), e tal originalidade talvez se deva ao fato de o livro ter sido escrito anteriormente a tantas outras distopias que temos lido nos últimos tempos (o livro foi publicado originalmente em 2007). Que tal dar uma chance a uma distopia louca, mas tão louca que poderia até ser possível. (sei que algumas pessoas que já leram esse livro devem achar esse meu último comentário insano, mas eu logo explico pra você meu ponto de vista).
"O processo pelo qual um criança é ao mesmo tempo eliminada e mantida viva é chamado de 'fragmentação'". (página 4)
Na sociedade futurística do livro, o aborto é proibido, sendo "substituído" pelo aborto retroativo, que nada mais é que dar um jeito em filhos desobedientes. Entre os 13 e 18 anos, se os pais ou responsáveis pelo adolescente resolver que ele não é bom o suficiente ou dá trabalho demais (ou qualquer que seja a desculpa), pode abortá-lo. O procedimento, chamado de Fragmentação, é como se fosse uma doação de órgão, tirando o fato de que não é uma doação propriamente dita já que o doador não tem opção de escolha e, tirando o fato de que não apenas os órgãos são doados, mas 99% do indivíduo. Bizarro, né?!
A narração é em terceira pessoa e pelo ponto de vista de diversos personagens, de modo que é possível acompanhar e compreender melhor o que acontece ao longo da trama. Os três personagens principais (e principais narradores) são Connor, Risa e Lev. O três são fragmentários, ou seja, tiveram a autorização de fragmentação assinada pelos responsáveis. Porém, a princípio, isso é tudo o que têm em comum. 
Connor, aos dezesseis anos, descobre que os pais decidiram fragmentá-lo. A fuga é a única saída, e é nessa fuga que Connor encontra Risa e Lev. Risa, é órfã e cresceu em uma Casa Estadual, um tipo de orfanato/escola do governo, mas por não ter nada a oferecer à sociedade,é mandada para a fragmentação.
Lev, diferentemente de Connor e Risa, não é um fragmentário comum, ele é um dízimo. Filho de pais extremamente religiosos e, sendo o décimo filho do casal, ele nasceu e cresceu sabendo que seu destino era ser um dízimo, ou seja, a décima parte, aquilo que deveria ser entregue em sacrifício. E para ele tudo bem. Dos três, ele é o único que, apesar da insegurança, está confortável com a perspectiva de ser fragmentado.
"- Então, como é - pergunta Connor - passar a vida toda sabendo que você vai ser um sacrifício?
Ele esperava que isso doesse como um soco, mas Lev encara a pergunta como séria.
- É melhor do que passar a vida sem conhecer seu propósito." (página 44)
Durante toda a trama, em meio a ação e fuga dos protagonistas, conhecemos vários outros personagens e tomamos conhecimento do quão complexa é a fragmentação, não apenas pelo fato de ninguém saber exatamente como funciona, mas também pelo fato de dividir tanto as opiniões. O que a Lei da Vida garante é que a fragmentação não mata o fragmentário, apenas permite com que ele continue vivendo... em forma dividida. Até parece! Uma discussão recorrente entre os personagens é a existência ou não da alma e, caso ela exista de fato, o que ocorre com ela quando um indivíduo é fragmentado.
"Sobre a existência da alma, quer fragmentada ou nascitura, as pessoas podem debater por horas a fio, mas ninguém questiona se uma instituição de fragmentação possui alma. Não possui." (página 250)
Confesso que com durante toda a leitura eu me peguei pensando em duas coisas, a primeira delas foi memória celular (sem dúvida o pensamento foi desencadeado por toda essa discussão sobre alma, sobre fragmentação ser diferente de morte, sobre o fragmentário continuar vivendo após sua fragmentação e etc.) e, mais importante, sobre como essa bizarrice toda do livro não é tão louca assim. HEIN? Acontece que a vida (principalmente a vida do próximo) está sendo tão banalizada nos dias atuais, que não me admiraria se um louco tivesse uma ideia similar a essa. E isso é o que mais me assusta em distopias. Eu já falei isso pra vocês em alguma resenha, mas eu acho que as distopias apenas pegam algo que realmente ocorre (muitas vezes por meio de alegorias) e elevam ao máximo do extremo. Assustador!
"Ninguém sabe como acontece. Ninguém sabe como é feita. A colheita dos fragmentados é um ritual médico secreto que fica confinado às paredes de cada clínica de colheita da nação. Sob esse aspecto, não é diferente da própria morte, pois ninguém sabe que mistérios jazem além daquelas portas secretas." (página 273)
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Fragmentados é um livro perturbador, para dizer o mínimo. Fiquei agoniada em diversos momentos (principalmente quando o processo da fragmentação finalmente foi descrito). Gente, que aflição!
Fiquei bastante surpresa quando soube que o livro é o primeiro de uma série, pois o final de Fragmentados foi bastante satisfatório. É claro que fica uma curiosidade, uma vontade de saber o que acontece com os personagens, mas o final é realmente um final. Mas, olhando as sinopse dos próximos volumes, constatei que contam com a presença dos mesmo personagens, embora eu não tenha certeza se eles são os protagonistas.
Confiram as capas dos próximos volumes, lançados nos EUA. (clique na imagem para maiores informações sobre cada um deles).


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Classificação:

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Espero que gostem!!

Beijos e amassos!!


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