6 de novembro de 2013

RESENHA: A Cortesã e o Samurai

Editora: Record
Autor(a): Lesley Downer
Número de Páginas: 348

Sinopse: Como manter os valores de uma vida inteira em um mundo em crise? O Japão de 1868 encontra-se dividido entre duas facções: os nortistas, defensores do xogum, e os sulistas, contrários a ele. Casada com um oficial do norte, porém deixada para trás pelo marido e pela família, a bela Hana foge e acaba sendo vendida para se tornar cortesã em Yoshiwara, o bairro do prazer. Lá, ela realiza descobertas que vão além das antigas técnicas da profissão e encontra verdades sobre si que nunca imaginara. Yozo, um dos homens do xogum, retorna ao Japão após passar quatro anos no Ocidente. Ao se deparar com seu líder destruído do poder, ele viaja ao norte para se juntar aos companheiros rebeldes, mas é preso na batalha final. Após conseguir fugir, procura refúgio em Yashiwara, onde conhece Hana. A partir desse encontro, suas vidas se transformam irremediavelmente.
Olá gente lindaaaa!
FINALMENTEEEE terminei de ler "A Cortesã e o samurai" e... que interessante!
Adoro conhecer culturas diferentes, principalmente quando a história se passa em um tempo tão remoto como é o caso deste livro. Infelizmente demorei mais de duas semanas para concluir a leitura por conta de muitas atividades acadêmicas e tal, mas valeu a pena e foi uma leitura muito agradável. Quem leu ou assistiu "Memórias de uma Gueixa", com certeza irá notar alguns pontos em comum, com exceção da sutil diferença entre cortesãs e gueixas.

Estamos no final do Período Edo, o ano é 1868 e o norte do Japão está sendo invadido pelos sulistas, que querem conhecer o mundo além do Japão, passando por cima de toda a cultura. Edo (capital do país, a atual Tóquio) foi invadida pelos sulistas e o xogum foi tirado do poder. Xogum era um tipo de líder militar, título recebido diretamente do imperador que, do início do século XII até 1868 constituiu-se como o governante de todo o país, embora teoricamente o Imperador fosse o legítimo governante e depositasse a autoridade no xogum para governar em seu nome.

Hana, com apenas 17 anos é esposa de um samurai, o comandante da tropas do norte. O marido está sempre fora de casa, participando de lutas e defendendo o xogum, por isso, apesar de estar casada há dois anos, Hana mal o conhece.
"Era um capataz violento e batia nela quando se zangava. Mas ela nunca esperou mais que isso, o casamento foi arranjado por seus pais e não lhe competia questionar." (página 12)
Quando ele parte, mais uma vez, para lutar contra os sulistas e tentar recolocar o xogum no poder, Hana tem a função de cuidar dos sogros, dos criados e da casa. É isso que uma samurai precisa fazer. Porém, quando sulistas invadem a casa, após lutar contra eles com sua alabarda (tipo de arma que as mulheres samurais sabiam manusear), Hana é obrigada a fugir. Por uma desventura do destino e má fé de uma desconhecida, Hana vai parar em Yoshiwara, a cidade do prazer. Vendida à uma "cafetina" (não sei se esse era o nome dado na época, mas o papel desta mulher é justamente esse) e obrigada a se tornar uma cortesã, Hana espera que o marido volte da guerra para buscá-la, mas no fundo sabe que se ele voltar e souber que ela vendeu o corpo, ainda que obrigada, é sua função matá-la pela desonra causada.
"Estava prestes a entrar num novo mundo e sabia que, quando saísse dele - se por acaso saísse -, o fosso, a lua e as estrelas talvez continuassem os mesmos, mas ela, não." (página 50)
Yozo Tajima, com seus 20 e poucos anos, é um jovem aventureiro e forte. Após passar alguns anos pela Europa, juntamente com outros 14 jovens aprimorar seus conhecimentos navais para retornar ao Japão com maiores chances contra quaisquer ataques, não imaginou que regressaria à sua terra natal justamente para uma guerra.
Ele luta bravamente, mas a derrota é inevitável. Após ser capturado pelos inimigos, ele nem imagina que seu futuro lhe reserva muitas surpresas. Com a ajuda do francês desengonçado de pernas longas, Martin, Yozo consegue fugir e se refugiar no único lugar razoavelmente seguro para fugitivos: Yoshiwara. É onde conhece Hana e sua história começa a mudar, ou pelo menos seus objetivos. Seus amigos e companheiros de batalha, que sempre foram sua prioridade agora competem por sua atenção.
"- Nós dois sofremos - falou ela gentilmente. - Mas conseguimos sobreviver, de alguma maneira. Isso é o que importa.
Ele olhou para Hana e, de repente, ela gostou de estar com uma roupa simples, como uma criada, sem os deslumbrantes trajes de uma cortesã.
- Meu nome é Hana - disse, e sorriu." (página 215)
****
Adorei!
Me encantei pela cultura descrita pela a autora, me emocionei com as condições de submissão e desvalorização das mulheres. Fiquei chocada com o fato de mulheres serem tratadas como mercadoria, apesar de saber que as coisas no Oriente ainda são bem diferentes do restante do mundo (ou melhor, prefiro acreditar que sejam).
Apesar de haver um romance, o foco é a parte histórica. Acompanhamos as experiência de Hana com a vida de cortesã, a descoberta do prazer e do amor... e o medo que ela sente do marido ainda que aceite a cultura e a tradição. Não é estranho notar que as próprias mulheres se veem como mercadoria, como criadas e submissas de seus maridos, uma vez que essa concepção está arraigada na cultura ocidental.
Em alguns momentos, achei que a autora foi descritiva demais no que diz respeito à paisagens, lugares e etc., mas com certeza é uma leitura agradável somada a uma didática aula de história. Super recomendo.

Classificação:  

***
Espero que gostem!!

Beijos e amassos!!

Um comentário

  1. Oi, gostaria dar esse livro de presente para alguém, mas primeiro gostaria de saber qual a censura, o livro é muito pesado? Pois ela é uma cortesã, gostaria de saber para que idade você recomendaria?

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