27 de março de 2012

RESENHA: Precisamos Falar sobre o Kevin

Editora: Intrínseca
Autor(a): Lionel Shriver
Número de Páginas: 462

Sinopse: Para falar de Kevin Khatchadourian, 16 anos – o autor de uma chacina que liquidou sete colegas, uma professora e um servente no ginásio de um bom colégio dos subúrbios de Nova York –, Lionel Shriver não apresenta apenas mais uma história de crime, castigo e pesadelos americanos: arquiteta um romance epistolar em que Eva, a mãe do assassino, escreve cartas ao marido ausente. Nelas, ao procurar porquês, constrói uma reflexão sobre a maldade e discute um tabu: a ambivalência de certas mulheres diante da maternidade e sua influência e responsabilidade na criação de um pequeno monstro. Precisamos falar sobre o Kevin discute casamento e carreira; maternidade e família; sinceridade e alienação. Denuncia o que há de errado com culturas e sociedades contemporâneas que produzem assassinos mirins em série e pitboys. Um thriller psicanalítico no qual não se indaga quem matou, mas o que morreu. Enquanto tenta encontrar respostas para o tradicional “onde foi que eu errei?” a narradora desnuda, assombrada, uma outra interdição atávica: é possível odiarmos nossos filhos? 
Olá gente linda!!
Finalmente estou resenhando "Precisamos Falar sobre o Kevin". Só posso definir o livro com duas palavras: Forte e Chocante. Sim, chocante. Afinal, não é muito comum que uma mãe diga ver maldade nos olhos de um filho recém nascido. Posso dizer que não é um divro para ser livo em dois dias, nem algo para ser degustado tranquila e calmamente, mas sim, para ser "encarado"pouco a pouco.

O livro é inteiramente feito através de cartas. Cartas estas, escritas por Eva Khatchadourian, endereçadas ao marido, Franklin. O conteúdo dessas cartas não é algo agradável, mas é a única coisa que Eva tem a oferecer. Seu lado, sombrio e sofrido, da história.
A história revelada nas cartas não é algo totalmente íntimo, mas também não é algo totalmente público. Digamos que, é um misto das duas coisas. Afinal de contas, embora trate de sua vida, cada carta diz respeito a seu filho, Kevin Khatchadourian, o famoso "KK"
Estamos em 2001, mas ao longo das cartas, Eva nos leva á 18 anos atrás, até antes disso. E nos conta como foi sua decisão de ser mãe, ainda que sus motivação fosse mais um desafio que um desejo maternal. Eva era uma bem sucedida empresária, e ao lado do namorado Franklin era feliz. Feliz demais, ela supunha. 
Mas, embora a decisão de ter um filho fosse, quase, totalmente sua, a relação que desnvolve com a gestação não foi muito boa desde o início.
"Desculpe, mas não fui eu que inventei esses filmes, e qualquer mulher cujos dentes tenha apodrecido, cujos ossos tenha perdido massa, cuja pele tenha ficado marcada sabe o alto preço que tem de pagar por levar um sanguessuga durante nove meses dentro da barriga."(página 76)
Após o nascimento do filho, as coisas não ficaram melhores, pelo contrário, desde o primeiro contato com o filho, Eva soube que aquela criança não viera para trazer alegria. É estranho ler a descrição dos sentimentos que Eva faz, chega a ser repulsiva, mas ao longo de toda a história, a tal repulsão vai fazendo muio sentido.
Aos olhos da mãe, desde seu nascimento, Kevin tem maldade nos olhos, e com o passar do tempo, a maldade está presente em suas ações, também. O pior de tudo é que Eva parece ser a única que, realmente, conhece o filho. Nem mesmo o marido parece enxergar que o primogênito não é o anjo que ele imagina.
"Quando aquele bebê se contorceu em meu seio, do qual se afastou com tamanho desagrado, e retribuí a rejeição - talvez ele fosse 15 vezes menor do que eu, mas, naquele momento, isso me pareceu justo. Desde então, lutamos um com o outro, com uma ferocidade tão implacável que chego quase a admirá-la."(página 463)
 "(...) Mas não precisa arrastar a bunda até aqui por minha causa." Depois acrescentou: "Porque eu odeio voce." (...) "Em geral eu também odeio você, Kevin"eu me virei para ir embora." (página 59)
 Desde sempre, Eva está tão consciente (não sei se essa seria a melhor palavra, mas é a única que me vem ä mente) da maldade persistente e permanente em seu filho, que foi a única que quase não ficou surpre quando, aos 15 anos (3 dias antes de completar 16 anos), Kevin cometeu um assassinato em massa em seu colégio. Sim, tudo foi tão premeditado, que o garoto sabia que sua pena seria mais randa se cometesse o crime antes da maioridade penal.
Embora não tenha ficado surpresa, hoje, 2 anos após o ocorrido, Eva ainda tenta entende as razões que levaram o filho a cometer tal barbaridade, sem ao menos sentir o mínimo de remorso. De fato, a culpa é sua, por não ter sido uma bia mãe. Mas, como ser uma boa mãe para um sociopata?? Como ser uma boa mãe, quando tudo que o marido faz (ao invés de ajudá-la a corrigir os "erros" do filho) é fiar do lado dele e acreditar em cada palavra de falsa inocência. Como Franklin pôde não ver o quão falso e dissimulado era seu primogênito?
"Essa discussão está acabada. Não senti o menor prazer em dizer isso tudo e continuo tendo a esperança de que as coisas melhorem. Sei que você acha que se esforça - bem, talvez, talvez a seu ver seja um esforço, isso que você faz - , mas, por enquanto, não foi o bastante." (Franklin - página 246)
***
Bem, apesar do choque (que senti a cada página), o livro é daqueles que você quer muito saber mais e mais e mais.... a cada nova página eu ficava fazendo suposições (sempre errôneas) a respeito de como seria o desfecho da trama. O tão "esplorado"acontecimento ocorrido no dia 8 de abril de 1999, na tal quinta-feira é descrito (finalmente) apenas nos últimos capítulos, aos 45 do segundo tempo, mas a espera valeu a pena e, embora eu deteste admitir: o final me surpreende, quase que totalmente.
A luta interior de Eva e seu lado maternal se desenvolve de uma maneira que o leitor consegue se colocar na pele da personagem. E, não é a melhor das sensações, mas creio que era exatamente o objetivo do livro, e deu muito certo.
Recomendo, com certeza. Recomendo para quem gosta de sair do mundinho fictício cheio de fantasias e "mar de rosas", mas, também recomendo para quem prefere não sair de tal mundinho. Um choque de realidade äs vezes é necessário para podermos nos ater ao que nos rodeia, para abrirmos os olhos para o que relamente precisa ser visto, para tratarmos de assuntos que, realmente, merecem vir ä tona.

Classificação:


***
Espero que gostem!!


Beijos e amassos!!

7 comentários

  1. Pela sua resenha e pelos outros fatos que conversamos a respeito deste livro, é um choque BEM forte de realidade. Tão forte que dá até medo de, acidentalmente, topar com algum Kevin por aí ─ e infelizmente eles existem e em número até considerável. Mas no fim a gente aprende uma lição boa: quem nasce com má índole, sempre terá má índole. E é bom não confiar plenamente nas pessoas, mesmo que sejam seus filhos. Nunca se sabe quais são as verdadeiras intenções delas...

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  2. Nossa esse livro parece ser bem interessante e forte, gosto bastante de ler livros desse tipo de vez em quando.
    Confesso que ultimamente não estou nesse clima mais quem sabe mais para frente não leio né?

    bjs
    Tais
    http://www.leitorafashion.com.br

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  3. Geeeeeeeente que livro surpreendente! Com certeza, é um livro que vale a pena ler! Adorei *-*
    Flor tem meme pra ti lá no meu blog: http://pensamentosdeumageminiana.blogspot.com.br/
    Mil Beijos!

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  4. Amanda, adorei a sua resenha! Não é a primeira pessoa que me recomenda o livro e sua resenha esta mais que ótima. Eu com certeza vou ler. É um choque que eu gostaria de experimentar, me é curioso demais. E tem filme agora, né? Man, man, parece ótimo *o* Beijones <3


    Rachel Lima
    http://corujando.org

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  5. Nossa pela sua resenha ja vi que é bem forte, nem é bem o meu estilo

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  6. Sua resenha está ótima...
    Mas acho que não vou ler esse livro.. =/
    Não faz o meu gênero e parece ser tão triste =//
    Adorei o seu blog e estou te seguindo =]

    Beijos.
    #Resenha falada.

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  7. Acho que uma coisa que não é muito questionada nas resenhas é o papel da Eva. O Kevin pode ser um filho imbecil? Sim. Mas e ela? Nitidamente ela tentou se aproximar dele durante o livro INTEIRO mas será que ele deu espaço pra ele chegar?
    Só não faço comentários da resenha em si e sim essa pergunta porque tem muitos detalhes esse livro e é esse que mais me atormenta.
    Enfim...
    :)

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