14 de janeiro de 2021

RESENHA: A arte da imperfeição


Editora: Novo Conceito
Autor(a): Brené Brown
Número de páginas: 184

Sinopse: Este importante livro é sobre a jornada de uma vida, deixando de se preocupar com "O que os outros vão pensar?" e acreditando que "Eu sou suficiente".
A habilidade ímpar da autora em misturar pesquisa original com relatos faz com que a leitura de A Arte da Imperfeição pareça uma longa e animadora conversa com uma amiga muito sábia que oferece compaixão, sabedoria e ótimos conselhos.
A cada dia nos deparamos com uma enxurrada de imagens e mensagens da sociedade e da mídia nos dizendo quem, o que e como devemos ser.
Somos levados a acreditar que, se pudéssemos ter um olhar perfeito e levar uma vida perfeita, já não nos sentiríamos inadequados.
E se eu não posso manter todas essas bolas no ar? Por que não é todo mundo que trabalha duro e vive às minhas expectativas? O que as pessoas vão pensar se eu falhar ou desistir? Quando posso parar de provar a mim mesmo?
Em A Arte da Imperfeição, Brené Brown, Ph.D, é uma especialista em vergonha, autenticidade e compartilha a coragem que aprendeu em uma década de pesquisas sobre o poder de viver sinceramente.

Olá gente linda!!

É, eu seu que aparecer aqui depois de NOVE meses sem dar as caras é meio estranho (se pensar bem, parece o que aquele contatinho faz de vez em quando: dá aquele chá de sumiço, você sente falta, depois aceita a ausência - e agradece por ela - até que, algum tempo depois, o infeliz ressurge das cinzas e manda um "oi, sumida!"). Em minha defesa, adianto que vou fazer o que esse contatinho nunca fará: vou logo avisando que sim, provavelmente vou sumir de novo e só volto quando tiver um bom livro pra te indicar. Combinado?
Analogias e gracinhas à parte, tô aqui pra indicar o livro "A arte da imperfeição", da pesquisadora, escritora e professora Brené Brown, publicado pela Editora Novo Conceito, em 2012. E, sim, recebi o livro da editora no ano de seu lançamento, nove anos atrás. Na época, no entanto, meu foco estava na leitura de outros gêneros, principalmente romances (toda iludida ela), por isso não dei a devida atenção ao livro com "cara de auto-ajuda".


Mas, a gente vai ficando velha, tendo algumas (várias) crises existenciais, se submetendo a diferentes pressões internas e externas, surtando... e aprendendo muito com tudo isso. E chega um momento em que só queremos nos conhecer melhor para podermos melhorar, entender a nós mesmos e, principalmente, aceitar-nos como somos. Eita tarefa difícil, viu?!

"É muito importante o quanto nos conhecemos e compreendemos, mas existe algo que é ainda mais essencial para uma vida integral e plena: amar a nós mesmos." (página 14)
A autora dedicou a vida a estudar emoções difíceis, tais como vergonha, medo e vulnerabilidade. Reuniu, ao longo desse período, milhares de depoimentos de homens e mulheres, que serviram de corpus para diversas pesquisas sobre as emoções que citei anteriormente. No entanto, em meio a tantos entrevistados, Brown se deparou com uma amostra considerável de pessoas que pareciam viver a vida em sua plenitude e, mais importante, notou que as pessoas que levavam o que ela chama de "vida plena" pareciam ter bastante resiliência em suas vidas e não buscavam pela perfeição, pela autossuficiência, pela certeza, etc. Elas se permitiam ser vulneráveis. Buuum! Começa aí mais uma crise existencial. A própria autora percebeu que não levava uma vida plena, que sua vida estava repleta de (tentativa de) perfeição, alienação, autossuficiência, certeza, etc. 
Aprofundando-se em sua pesquisa, a autora identifica o que chama de "os dons da imperfeição", aquilo que nos permite ter uma vida plena: coragem, compaixão e sintonia.
"A raiz da palavra coragem é cor, a palavra em latim para coração. Em uma das formas mais antigas, a palavra coragem tinha uma definição muito diferente da que tem hoje. Coragem originalmente significava 'falar o que se pensa abrindo o coração'. [...] Coragem comum diz respeito a arriscar nossa vulnerabilidade. No mundo em que vivemos isso é extraordinário." (página 34)
"'É uma relação entre iguais. Somente depois que conhecemos bem nossa própria escuridão poderemos estar presentes na escuridão dos outros. Compaixão se torna real quando reconhecemos nossa humanidade compartilhada'." (página 30, citando Pema Chödrön)
"Defino sintonia como 'a energia que existe entre pessoas quando elas se sentem vistas, ouvidas e valorizadas; quando podem dar e receber sem crítica; e quando retiram sustento e força do relacionamento'." (página 42)
Mais adiante, Brown fala da necessidade humana de pertencimento e de ser suficiente, e logo fica claro eu, você ou qualquer outro indivíduo é o único a ter o incômodo sentimento se nunca ser o bastante, nunca ser bom, bonito, inteligente, interessante, etc. o suficiente. Isso me fez refletir no quanto todos nós tentamos nos ajustar diariamente para nos sentimos parte de um grupo, de um ambiente, etc. Estamos, embora não devêssemos, sempre preocupados com o que vão pensar, o que vão achar e o que vão falar sobre nós. Porque, afinal, se pensarem bem, se gostarem do modo como nos apresentamos/portamos/comportamos/pensamos/sentimos, seremos amados, aceitos e, consequentemente, felizes. A questão é, nunca será o bastante. Nunca será o suficiente. Sabem porque? Porque enquanto vivermos de acordo com os desejos e expectativas de outras pessoas, não teremos valor pessoal, logo, nós sempre vamos precisar da aprovação dos outros. E, querem saber, eu não quero que o meu valor pessoal esteja nas mãos de ninguém além de mim. 
"O maior desafio, para a maioria de nós, é acreditar que somos valiosos agora, neste minuto. Valor pessoal não tem pré-requisitos." (página 46)
Vocês não têm ideia do quanto eu precisava ler isso. Sério! Além da tal síndrome da impostora, que sempre faz com que eu me autossabote, sou insegura em toda e qualquer área da vida... isso é um saco. Eu, assim como muitas outras pessoas, tenho uma longa lista de pré-requisitos para ter um valor pessoal: se ele me ligar e me chamar para sair, eu terei valor pessoal; se eu perder uns 5kg, eu terei valor pessoal; quando eu conseguir tal emprego, eu terei valor pessoal; se eu der conta de tudo e não parecer exausta, eu terei valor pessoal.... e por aí vai.
"Mas isto é o que está no coração da Vida Plena: valor agora. Sem 'ses'. Sem 'quandos'. Nós merecemos amor e pertencimento agora. Neste minuto. Do jeito que somos. (página 46)

Isso tudo em apenas metade do livro. Sentiram o impacto? 
Eu não sei se é porque eu tenho lido menos livros que antigamente e com muito menos frequência, mas nos últimos tempos eu tenho sido bastante tocada por cada leitura. Tenho escolhido livros que falam comigo, livros que mexem na ferida, sabe? Foi assim com os dois últimos livros que resenhei aqui no blog (Prometo falhar; O Profeta) e foi assim com "A arte da Imperfeição". O livro não traz nenhuma grande descoberta, mas aborda diversas barreiras que tenho encontrado em minha própria vida e... foi bom saber que não sou a única a me sentir de determinadas maneiras. 
No restante do livro, a autora se dedica a apresentar, explicar e exemplificar o que ela chama de "orientações para uma vida plena". São elas: cultivando a autenticidade; cultivando a autocompaixão; cultivando um espírito resiliente; cultivando gratidão e alegria; cultivando intuição e confiando na fé; cultivando criatividade; cultivando brincadeiras e descanso; cultivando calma e tranquilidade; cultivando um trabalho significativo; cultivando riso, música e dança. Não vou me estender sobre cada uma das orientações, porque acho que vocês devem mesmo ler este livro.
Um fato engraçado é este livro ficou ignorado na minha estante por nove anos, mas tão logo concluí a leitura, deparei-me com uma recomendação da Netflix: Brené Brown - the call to courage, uma palestra sensacional da autora, com pouco mais de uma hora de duração. Assisti mais que depressa e fiquei ainda mais encantada pelo modo como ela consegue tratar de emoções tão complexas de uma forma tão leve. Super recomendo.
Concluo esta resenha não com mais uma citação do livro, mas da palestra:

"Vulnerabilidade não é ganhar nem perder. Vulnerabilidade é se expor mesmo não tendo controle sobre resultados."
Que sejamos corajosos! Que tenhamos a coragem de nos expor em nossa total e completa vulnerabilidade. Somos humanos, afinal. Somos imperfeitos por definição.

Classificação: 

***
Beijos e amassos!!

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