2 de abril de 2020

RESENHA: O Profeta

Editora: Planeta
Autor(a): Khalil Gibran
Número de páginas: 144

Sinopse: O clássico que já encantou mais de 100 milhões de leitores no mundo. Obra mais famosa de ficção espiritual do século XX, O profeta está enraizado na própria experiência de Khalil Gibran como um imigrante e serve de inspiração para qualquer um que se sinta a deriva em um mundo em fluxo.
O profeta Almustafa está prestes a embarcar em um navio para viajar de volta à sua terra natal depois de doze anos no exílio quando é parado por um grupo que pede a ele que compartilhe sua sabedoria antes de partir. Em vinte e oito ensaios poéticos, ele oferece insights profundos e  atemporais sobre aspectos da vida como amor, dor, amizade, família, beleza, religião, alegria, tristeza e morte.
Sucesso imediato quando publicado pela primeira vez em 1923, O profeta é um clássico moderno, tendo sido traduzido para mais de quarenta idiomas. A mensagem que transmite continua a tocar corações através das gerações. Esta edição é ilustrada com doze das famosas pinturas visionárias de Gibran e conta com um prefácio de Rupi Kaur.

Olá gente lindaaaa!
Hoje trouxe mais uma indicação de livro para vocês, e mais uma vez se trata de um livro pelo qual eu poderia nem me interessar tempos atrás. Mas a vida é assim... a gente vai ficando mais velho e se interessando cada vez mais por livros que nos façam refletir, pensar em aspectos abstratos da nossa vida que são tão indispensáveis. E "O Profeta" é um livro tão atual, tão certeiro e tão pertinente no momento que estamos vivendo, que resolvi compartilhar minhas impressões. Embora eu tenha finalizado a leitura no final de fevereiro, antes da pandemia, da quarentena (e da saudade...), hoje vejo que muito do que li nas poucas páginas dessa edição é útil para nos fazer pensar e analisar o modo como temos vivido, o modo como temos dado valor (ou não) a tudo de essencial que nos rodeia. Acho que hoje, em isolamento social, sentindo medo e/ou preocupação por aqueles que amamos, essas coisas deixaram de ser vistas e tratadas de modo tão leviano e banal, né?! Nossa atual realidade fez com que voltássemos a olhar para dentro e, ao mesmo tempo, olhar para o outro.

Confesso que comprei o livro unica e exclusivamente por apresentar um prefácio de Rupi Kaur (O que o sol faz com as flores, Outros jeitos de usar a boca). E que bela surpresa foi me deparar com textos tão curtos capazes de dizer tanto, de fazer refletir tanto... exatamente como Kaur afirmou que aconteceria:
"Este livro não é recomendado só para quem ama poesia. É para qualquer pessoa que se pergunte qual é o sentido disso que chamamos de 'vida'." (página 11)

O livro nos apresenta Almustafa, um profeta exilado de sua terra natal há doze anos. Prestes a embarcar em um navio de volta para casa, ele é abordado por diversos moradores, todos pedindo para que ele fale pela última vez sobre assuntos variados, tais como amor, casamento, a alegria e a tristeza, liberdade, dor, autoconhecimento, amizade, tempo, etc. Em resumo, os moradores procuraram o profeta em busca de uma última dose de sabedoria. E ele lhes dá.
Transcrevo abaixo alguns dos meus trechos favoritos, muitos dos quais hoje me fazem refletir ainda mais sobre o momento louco que estamos vivendo.

amor
"Assim como se eleva e acaricia seus ramos mais frágeis que ao sol tremulam,
O amor também desde até o solo para sacudir suas raízes tão apegadas à terra."
(página 22)
a alegria e a tristeza
"Quando sentirem alegria, procurem no funco do coração e saberão que só o que antes lhes deu tristeza pode hoje dar-lhes alegria.
Quando sentirem tristeza, procurem uma vez mais e verão que hoje choram por aquilo que felicidade lhes trazia."
(página 46)
a razão e a paixão
"Pois a razão, quando reina sozinha, é uma força que limita; e a paixão, se não houver cuidado, é uma chama que arde até a própria destruição.
Deixem, portanto, que sua alma eleve sua razão à altura da paixão
[...]." (página 71)
amizade
"Seu amigo é a resposta de suas necessidades.
É o campo que você semeia com amor e do qual colhe com gratidão.
E é sua mesa e sua lareira.
Pois chegam a ele com fome e nele buscam tranquilidade."
(página 82)
tempo
"No entanto, o atemporal de vocês conhece o atemporal da vida.
E sabe que o ontem é tão somente a memória do hoje, e o amanhã é o sonho do hoje."
(página 88)
Neste momento em que todos nós (ou a maioria) estamos confinados em casa, longe de pessoas queridas, tendo de tomar certos cuidados para evitar contato físico, a noção de tempo ganha uma nova dimensão... quem reclamava não ter tempo para nada, hoje reclama por não ter nada para preencher o tempo de um dia. Aqueles que deixavam de encontrar os amigos por causa do trabalho ou por outras razões, hoje anseia por um abraço, um ombro amigo, uma horinha de papo furado e algumas xícaras de café. O tempo que já desperdiçamos com coisas banais hoje sobra, e o que falta é a essencial presença física das pessoas que amamos. Nosso tempo hoje é preenchido exclusivamente pelo passado (muitos #TBTs postados em nossas redes sociais, muitas saudades da liberdade que tínhamos e da qual estamos privados hoje em nome do amor que sentimos por quem nos rodeia) e pelo futuro (toda a preocupação com as pessoas e com a economia que caminha para o caos...).
Tudo isso me faz, mais uma vez, concordar com as palavras de Khalil Gibran, ao dar voz a Almustafa, que divide conosco muita sabedoria em poucas páginas:
"Em verdade vocês muitas vezes são felizes sem saber" (página 119)

Classificação: 

***
Espero que gostem!!

Beijos e amassos!!

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