4 de fevereiro de 2019

RESENHA: O ano em que te conheci

Editora: Novo Conceito
Autor(a): Cecelia Ahern
Número de páginas: 336

Sinopse: Bem-vindos ao mundo imperfeito de Jasmine e Matt.
Vizinhos, eles não têm o menor interesse em tornarem-se amigos e nunca haviam se falado antes. Estavam sempre ocupados demais com suas carreiras para manter qualquer tipo de contato.
Jasmine, mesmo sem nunca tê-lo encontrado, tem motivos para não suportar Matt.
Ambos estão em uma licença forçada do trabalho e sofrendo com seus dramas familiares. Eles precisam de ajuda. 
Na véspera de Ano-Novo, os olhares de Jasmine e Matt se encontram de forma inusitada pela primeira vez. Eles têm muito tempo livre e precisam rever seus conceitos para poder seguir em frente.
Conforme as estações do ano passam, uma amizade improvável lentamente começa a florescer.
Uma história dramática, original e divertida como só Cecelia Ahern é capaz de escrever.
Olá gente lindaaa!
Hoje vim falar "O ano em que te conheci", que me ganhou pela capa e pelo fato de ser de uma das minhas autoras favoritas. Confesso que iniciei a leitura achando que encontraria uma história romântica e arrebatadora (não li a sinopse...), mas me deparei com algo bem diferente, mas igualmente (ou até mais) envolvente. 
O livro é dividido em 4 artes, de acordo com as estações do ano: Inverno, Primavera, Verão e Outono, de modo que acompanhamos não apenas a passagem do tempo, mas o amadurecimento da protagonista, bem como o desabrochar de sua vida.

Logo nas primeiras páginas, Jasmine, em primeira pessoa, nos apresenta a sua vida. Ela sempre foi uma mulher de negócios, uma mulher de sucesso. Desenvolveu várias empresas e as vendeu quando cada uma delas se tornou um grande sucesso. É isso que ela faz. No entanto, da última vez ela teve certa dificuldade e... acabou sendo demitida pelo sócio e amigo (ex-amigo, no caso). Diferentemente de Jasmine, o sócio nunca pensou em vender o negócio e decidiu demiti-la para evitar que ela o fizesse. Não bastasse isso, ele a deixou de licença por um ano inteiro, para evitar que fosse contratada por alguma empresa concorrente, já que ela é tão boa no que faz.
Agora, pensem comigo, como uma mulher tão eficiente, tão produtiva e tão independente como Jasmine conseguirá ficar quietinha em casa durante um ano inteiro? Qualquer pessoa nessa situação enlouqueceria (eu não... iria logo viajar hahaha).
Desde muito novo, Jasmine tem uma percepção diferente da vida (ou da morte), por isso sempre faz de tudo para ser produtiva nas 24 horas do dia, afinal seu tempo está acabando. Não, ela não tem nenhuma doença, nem nada, mas vive essa contagem regressiva do tempo de forma muito literal.
"Saber que eu ia morrer instilou algo em mim que ainda carrego comigo até hoje: a consciência de que, apesar de o tempo ser infinito, o meu tempo era finito, o meu tempo estava acabando." (página 13)
Sem ter muito com que se ocupar, Jasmine passa os dias observando (e criticando mentalmente) o vizinho do outro lado da rua, a quem detesta há anos. Trata-se de Matt Marshall, um famoso apresentador (ou seria locutor?) de rádio.
"Tenho certeza de que não posso ser vista porque minha casa também está às escuras; posso ficar de pé à janela com as cortinas abertas e assistir à vontade ao espetáculo que sei que está prestes a começar.
Eu olho lá para fora. E vejo você." (página 23)
Matt chega em casa bêbado quase todos os dias e dá um verdadeiro show para quem quiser ver, mas não é esse o motivo de Jasmine detesta-lo. Anos atrás, um de seus programas de rádio abordou o tema "Síndrome de Down", e Jasmine não gostou nada do que foi dito e do modo preconceituoso como isso foi abordado. A irmã de Jasmine tem Síndrome de Down e representa o centro de sua vida, seu bem mais precioso e a quem sempre quer proteger de tudo e de todos. Mais do que uma irmã super protetora, Jasmine se sente mãe da própria irmã, já que a mãe morreu cedo, deixando a responsabilidade de criar a irmã (ainda que esta seja mais velha), já que o pai sempre se mostrou ausente e negligente.
"Você é tudo o que não gosto nas pessoas. Seus pontos de vista, suas opiniões, suas discussões que não fazem nada para consertar o problema que você finge querer consertar e na verdade só provocam ataques raivosos e comportamentos de gente baixa." (página 26)
Com o passar do tempo, com a convivência praticamente forçada com o vizinho, já que ambos estão sempre em casa, Jasmine começa a perceber que ela e Matt têm mais em comum do que ela está preparada para admitir. Assim, além de acompanharmos o modo como a protagonista se adapta a sua nova realidade, ao fato de estar desempregada após tantos anos, ao fato de não ter com que se ocupar... acompanhamos o desabrochar de uma amizade bastante improvável entre Matt e Jasmine.
"Quando você não tem para onde ir, o tempo fica muito mais lento. Eu me pego notando mais as pessoas, cruzando mais olhares com o meu, ou procurando contato visual." (página 32)
"Eu me sinto diferente. Ando pensando demais, concentrando-me em áreas nas quais eu não precisava pensar muito antigamente." (página 45)
Em diversos momentos eu me identifiquei muito com Jasmine, o fato de ela se sentir perdida, inútil, sem saber o que fazer... enfim, de mãos atadas. Quem nunca passou por uma fase da vida em que as coisas parecem incertas que atire a primeira pedra! No caso da Jasmine, ela tem independência financeira, mas sofre por não poder se planejar, por não poder dar um passo adiante na intenção de resolver seus problemas e sair da situação que a incomoda. E o foco do livro é esse mesmo: ela conhecer a si mesma, gostar da própria companhia e ter paciência para entender que às vezes é preciso desacelerar.
"Eu não seria capaz de dizer quais são meus sonhos se alguém me perguntasse agora, nem minhas esperanças e desejos. Se me pedissem para colocar um plano em ação, eu não saberia por onde começar.
Eu me sinto totalmente perdida." (página 153)
"É quase um clichê ouvir as pessoas falando sobre 'desacelerar', mas é verdade. Eu desacelerei e, desacelerando, hoje vejo muito mais." (página 303)
O livro não foi o que eu esperava, mas foi uma grata surpresa. Foi encantador conhecer Jasmine, sua irmã Heather (que é um anjo <3), Matt e mais alguns vizinhos e outros personagens que aparecem vez ou outra. Como sempre acontece quando leio augo da Cecelia Ahern, me apeguei a cada um dos personagens e gostaria de tê-los como vizinhos haha
Não foi o meu livro favorito da autora, mas ainda assim me trouxe várias reflexões, a principal delas é que existe um tempo certo para tudo, não adianta tentarmos acelerar o tempo. Gostei do modo como a autora relacionou a vida com a jardinagem, demonstrando que cada etapa precisa de um determinado tempo e de determinados esforços para que um jardim floresça. Razô! <3
"Mas rosas, como eu e você, também têm seus problemas. Rosas plantadas em solo onde outras foram plantadas por muitos anos tendem a sofrer com doenças. Se você plantar rosas novas nessa situação, é preciso trocar o máximo do solo antigo por solo fresco de outra parte do jardim onde rodas nunca foram plantadas antes. [...]. Isso me faz pensar sobre qualquer pessoa que está tentando crescer onde alguma coisa, mesmo uma parte delas mesmas, morreu. Todos nós acabamos sofrendo dessa doença. É melhor se mudar, arrancar as raízes e começar de novo; só então poderemos florescer." (página 326)
Classificação: 

***
Espero que gostem!!

Beijos e amassos!!

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