29 de outubro de 2023

RESENHA: Bem-vindos à Livraria Hwang Bo-Reu

Editora: Intrínseca
Autor(a): Hwang Bo-Reum
Número de páginas: 272

Sinopse: Uma livraria comum num bairro pitoresco poderia passar despercebida. Mas a Livraria Hyunam-dong não é como as outras.
Yeongju tem se sentido desmotivada. Sua vida se tornou uma sucessão de frustrações e ela sente um vazio eterno no peito. Cansada de viver assim, ela decide deixar tudo para trás e colocar em prática um antigo sonho: abrir uma livraria.
Desde a infância, Yeongju encontra conforto nos livros, e abrir uma livraria parece ser a solução ideal para os seus problemas. Mas começar um negócio nunca é fácil, e ela precisa aprender que ser uma amante dos livros não é o suficiente para tornar o seu sonho realidade.
Conforme vai entendendo como administrar uma livraria, Yeongju também descobre mais sobre si mesma e quem ela quer ser. Cercada por livros, ela encontra um novo significado para a vida à medida que a Livraria Hyunam-dong se transforma em um espaço convidativo para que almas feridas descansem, se curem e descubram o que realmente importa. E quando os clientes começam a se sentir confortáveis para compartilhar suas histórias, experiências, esperanças e emoções naquele espaço, Yeongju finalmente sente que encontrou o seu lugar.
Repleto de diálogos sinceros e profundos, Bem-vindos à Livraria Hyunam-dong é uma história emocionante sobre os momentos decisivos da nossa vida e como os livros são capazes de curar feridas e mudar as pessoas.

Olá gente lindaaaaa!
A indicação de leitura de hoje é praticamente uma carta de amor aos leitores e amantes de livros. "Bem-vindos à Livraria Hyunam-Dong", da sul-coreana Hwang Bo-Reum, tem uma capa convidativa, que com certeza passa a vibe certa para todo e qualquer leitor E dorameiro. Quando vi a capa, logo pensei "Nossa, isso me lembra um dorama!" 
Quem assiste às famosas séries coreanas vai reconhecer o comportamento e a relação entre as personagens, tão características dos doramas. Embora alguns leitores possam não se conectar, considerando que o livro não é do tipo cheio de reviravoltas, tenho certeza de que os dorameiros irão. É engraçado perceber que até o modo de construção das personagens, o modo de pensar o desenrolar de um enredo é algo cultural, né?! Gosto muito de produções coreanas (cinema e TV) por não seguirem, na maioria das vezes, uma evolução "ocidentalizada". E, assim como os roteiros cinematográficos coreanos tendem a não seguirem a "receita de bolo" norte-americana ou europeia, sinto que o mesmo acontece na produção literária (e digo isso com base apenas em três ou quatro leituras...).
Que leitor nunca pensou em abrir uma livraria? Eu já! E o mesmo acontece com Yeongju, nossa protagonista. Após passar por muitas decepções - amorosas, profissionais e familiares -, Yeongju resolve recomeçar e realizar um sonho antigo: ter uma livraria.
"Mas ela compreendeu que não deveria deixar que palavras vazias ditassem sua vida. Em vez disso, aprendeu a ouvir seu corpo, seus sentimentos e a estar em lugares que a deixavam feliz." (página 10)
Ao criar a livraria -  em um bairro afastado e pouco movimentado, vale ressaltar -, Yeongju não tinha grandes ambições, apenas tocar a livraria por um ou dois anos, já que ela não imaginava que o negócio pudesse sobreviver por muito tempo. Seu objetivo era oferecer aos leitores e moradores do bairro um lugar tranquilo e aconchegante onde pudessem fazer uma pausa para ler, tomar um café, conversar, fugir... Afinal, todos precisamos de uma pausa e de um refúgio, né?! (e eu seria tendenciosa se dissesse que os livros são o melhor refúgio).
"Ela amava ler. Os romances eram seus favoritos: ela sentia que poderia viajar para qualquer lugar através deles. Ficava frustrada ao ter que voltar parra o mundo real, como se tivesse acabado de acordar de um lindo sonho. Mas era só abrir um livro que ela mergulhava numa nova aventura e a tristeza ia embora." (página 15)
"Quando fecha o livro, depois de compartilhar tantas emoções e experiências com os personagens, Yeongju se sente capaz de compreender qualquer um." (página 25)
Ao abrir a livraria, além de se reconectar com a leitura, um hábito antigo, Yeongju começa a se reconectar consigo mesma. E, ao longo das páginas, percebemos que o mesmo acontece com quem passa pela livraria. Mais do que comprar livros ou café, os visitantes acabam se conectando com o lugar, com Yeongju, com Minjun, o barista da livraria. Assim, é muito comum que esses visitantes acabem voltando, que acabem ficando cada vez mais, que acabem, também, tornando-se parte da livraria. 
"Afinal, não é isso que significa viver? Seguir em frente com a resposta que você tem, enfrentando adversidades, tropeçando e se levantando." (página 27)
Como eu disse anteriormente, "Bem-vindos à Livraria Hyunam-Dong" não é um livro cheio de reviravoltas e acontecimentos, mas é cativante, aconchegante. Eu me senti parte da livraria, me senti como os tantos visitantes que acabam voltando, e ficando... e sinto que esse é um livro para o qual eu vou voltar muitas vezes. Não sem razão, me identifiquei várias vezes com as dores, anseios, preocupações, gostos, etc de YeongjuMinjun ou de algum visitante assíduo da livraria. Por isso a sensação de ser, também, um visitante da livraria. 
"Uma pessoa capaz de fazer autocrítica pode mudar ao ler um livro. Mas acredito que até as pessoas que não conseguem podem acabar olhando para si mesmas com mais honestidade se continuarem lendo." (página 67)
"Todos nós somos inadequados, fracos e comuns. Mas se somos capazes de ser gentis - mesmo que por um brevíssimo momento - podemos ser extraordinários." (página 86)
É natural, pelo menos para mim, que o leitor fique se perguntando sobre o significado ou relevância do título de um livro e, no caso de "Bem-vindos à Livraria Hyunam-Dong", eu só posso dizer que realmente me senti bem-vinda e que a sensação é a de adentrar às portas da livraria e ser recepcionada pelo aroma de café, ou de encontrar bilhetinhos com pequenos comentários sobre os livros ao longo das prateleiras, ou de participar de um clube do livro ou de um book talk com algum escritos. Enfim, a atmosfera convidativa que reconheci na capa do livro se estende pelas páginas, do início ao fim.
"Depois de ser empurrada sem parar pelas ondas da vida, ela chegou exatamente aonde queria estar." (página 224)
Termino esta resenha do mesmo modo que terminei a leitura, desejando que, assim como Yeongju, nós também possamos nos (re)conectar conosco e que, no final, consigamos chegue aonde queremos estar. E se houver muitos livros e muitas pessoas para dividir histórias conosco ao longo do caminho, tenho certeza de que a caminhada será mais prazerosa. 

Classificação: 

***
Espero que gostem!!

Beijos e amassos!!

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