24 de janeiro de 2020

RESENHA: Prometo falhar

Editora: Novo Conceito
Autor(a): Pedro Chagas Freitas
Número de páginas: 400

Sinopse: Prometo Falhar é um livro que fala de amor. O amor dos amantes, o amor dos amigos, o amor da mãe pelo filho, do filho pela mãe, pelo pai, o amor que abala, que toca, que arrebata, que emociona, que descobre e encobre, que fere e cura, que prende e liberta. Em crônicas desconcertantes, Pedro convida o leitor a revisitar suas próprias impressões sobre os relacionamentos humanos. 

Olá gente lindaaa!
Olhem que ressuscitou! Eu mexxxxxma!
Eu não dou as caras por aqui desde agosto de 2019 (cinco meses, já!), mas na noite passada eu concluí a leitura de "Prometo falhar" e eu tinha que dividir essa experiência com vocês, indicar este livro e, confesso, matar um pouco a saudade de escrever.
Começo dizendo que "Prometo falhar" não foi um livro fácil pra mim, não foi uma leitura simples e confortável, não fluiu da mesma forma do começo ao fim, mas ainda assim me cativou a cada crônica.
Demorei cerca de um ano para concluir a leitura e isso se deve a diversas razões: andei estudando, vivendo, me dedicando a outras coisas e com um certo bloqueio para a leitura (sabe Deus o motivo). Além disso, prefiro acreditar que eu precisava terminar a leitura AGORA, após passar pelas experiências pelas quais passei em 2019, só assim eu consegui entender realmente a intensidade dos textos, pois após anos "adormecida", descobri-me igualmente intensa.
E, se tem uma coisa que Pedro Chagas Freitas parece entender e conhecer muito bem é intensidade, e isso fica claro a cada texto, seja falando sobre términos e reencontros, sobre amor carnal, amor fraternal, amor romântico ou amor platônico. Todas essas formas de amor são representadas no livro com a mesma intensidade e, por diversas vezes, identifiquei-me, reconheci-me... senti o impacto. Não sem razão, meu exemplar ficou como na foto abaixo: cheio de marcações, cheio de trechos favoritos.

A princípio estranhei o modo de escrita do autor, mas culpei minha falta de hábito com crônicas e textos curtos, mas no decorrer da leitura me dei conta que se trata, na verdade, do estilo do autor... uma escrita tão intensa e tão crua, tão lúdica e, ao mesmo tempo, tão real... ouso dizer que as crônicas do autor são poesias, ainda que sem versos. São pura poesia em prosa.
Abaixo transcrevo alguns (poucos) dos muitos trechos que destaquei no livro e que, ouso dizer, voltarei a ler com muita frequência.

"- [...] As pessoas servem para te manter alerta, para te manter atento, para te manter ligado. Quando uma pessoa que você ama serve para te desligar já não é uma pessoa que você deva amar. O amor tem de exigir vigilância máxima, você tem que ser um soldado no campo de batalha, todo o seu corpo à espera de um ataque, de uma bala perdida. E se há algo em que o amor é imbatível é na quantidade de balas perdidas que liberta. Às vezes você é atingido e nem percebe. E já não existe amor, só uma dor que vai se alargando no meio do seu peito, uma dor que te consome, que te dilacera, que te abate. Você pensa que é amor e é apenas uma ferida. Há feridas que parecem amor.
- Uma distração e o amor acaba.
- Uma distração e a vida acaba.
- Foi o que eu disse."
(páginas 28-29)
"há sempre algo que nos puxa para as menores coisas do mundo, e são elas que nos fazem grandes não é?" (página 36)
"O problema das pessoas é pensarem que para ser sentido tem de ser difícil, que para ser verdade tem de ser demorado, provavelmente foi pela forma como ele a olhava, o movimento dos olhos à procura do mundo, um mundômano inveterado, incapaz de estar vivo sem querer." (página 40)
"[...] o amor exige dois estranhos unidos pelo que os apaixona, e coragem." (página 41)
"a vida é pequena demais para perdermos tempo gastando energia em algo que não envolva amor." (página 42)
"a única pobreza é ter apenas a realidade para viver, e ainda bem que o sabemos, não é?" (página 70)
"Passamos a infância querendo crescer, adolescência querendo crescer. E depois percebemos que só quer crescer quem ainda se sente pequeno. Um adulto se sente pequeno mas pensa ao contrário. Sente-se pequeno e quer ficar menor. Voltar ao tempo em que havia sonhos. 
[...]
Crescer é a cada dia que passa ver melhor para trás e começar a perder a vista para a frente. Crescer é uma doença dos olhos. Você vai ficando menos e menos capaz de ver o que está diante de você. E mais e mais capaz de ver o que está atrás de você. Como se você andasse de costas." (página 107)
"Não sei a mulher que sou mas se a mulher que não sou. Não sou a mulher que se esconde nos tachos, a mulher que se cala nas horas, que se entrega ao embuste da segurança, à fraude suportável de ver passar o tempo. [...] Não sou mulher de sorrisos quando existe a gargalhada, de aldeias quando existe o mundo. Não sou nenhum milímetro menos do que aquilo que posso ser, e se um dia cair foi porque tentei saltar e não porque preferi aceitar. Antes um Titanic afundando do que um barco que não vai a lugar nenhum.
Não sei o que sou mas sei que sou sua."
(páginas 122-123)
"Tudo o que temos tem de ira jogo sempre que estamos vivos. Tudo na mesa. All-in. Sem medos mas tremendo de medo. All-in. A pele toda, a alma toda, o corpo todo em tudo o que tocamos, em tudo o que procuramos, em tudo o que decidimos." (página 156)
"A vida, apesar de ser um ciclo regular, tem de apresentar irregularidades. São as curvas que dão encanto a um caminho. Andar sempre em linha reta me dá sono." (página 173)
"O pior das palavras é sentir as que ficaram por dizer, o peso irrespirável do que nunca existiu e que ainda assim nunca deixará de existir: nunca deixará que eu exista." (página 188)
"Que deus é este que deixa que algo assim termine, que permite que haja algo tão pequeno como dois corpos a sustentar coisas tão grandes como as nossas vontades de para sempre?" (página 228)
"Olhe o espaço inútil entre o sonho e a realidade. Preencha-o. Tente preenchê-lo com tudo o que você é. Há dificuldades grandes para ultrapassar, momentos em que você vai querer não olhar. É nesses momentos que você tem de olhar mais ainda, é nesses momentos que você tem de abir mais os olhos. Para ver o que pode fazer para passar a ver outra coisa. O segredo do sucesso é ver bem." (página 249)
"Nada magoa mais do que a felicidade que não volta, a felicidade que você perdeu e que, sempre que a recorda, te martiriza tanto como tanto te deixou feliz.
Mas passa.
O melhor da vida é que tudo passa. passou a procura, passou a mágoa. E ficou isto. Eu e um buraco sem fundo no centro da vida."
(página 252)
"O amor mata. Mata violentamente. Mata com toda a força. mata todos os dias. E é apenas nessas mortes, e só nessas pequenas mortes, que a vida acontece." (página 257)
Concluo esta resenha dizendo que apesar dos altos e baixos durante a leitura, li a última página com uma sensação de "quentinho no coração" por saber/sentir que eu não sou a única no mundo a sentir tudo, a sentir muito, a transbordar. Como eu disse, passei por diversas experiências "novas" em 2019, que tiveram tantos altos e baixos quanto minha experiência com "Prometo falhar", e por alguns momentos eu cheguei a me perguntar se o excesso de sentimento, de intensidade, de entrega, de confiança era um problema... hoje vejo que não. Não tem nada melhor e mais honesto do entregar tudo, ser tudo, ser inteiro. E não há problema algum em esperar que as pessoas façam o mesmo... no entanto, a gente só dá aquilo que possui. Então, vez ou outra não receberemos a mesma intensidade, a mesma sinceridade... e tá tudo bem. O importante é seguir em frente e aproveitar o que o mundo tem a oferecer e a ensinar. Temos o amanhã, afinal!
"Amanhã você vai acordar e tem a possibilidade de tudo outra vez. Você pode beijar como nunca antes, comer o que nunca antes, ver o que nunca antes, dizer e ouvir o que nunca antes, fazer o que nunca antes. É incrível, meu. É um milagre. É um cabrão de um milagre. Uma cena impensável. Amanhã você pode acordar e mudar tudo ou manter tudo na mesma. Você acorda com isso tudo na tua mão. O mundo todo, esta imensidão toda, outra vez. Parece impossível, não é? E você ainda tem a cara de pau de chorar tanto, de se queixar tanto, de se martirizar tanto. Ganha mas é juízo. Não me torre a paciência. Vá embora e experimente ser impossível. Só mais uma vez. E depois outra, vá. Vá. Seja impossível. Até que te seja mesmo impossível." (páginas 392-393)

Classificação: 

***
Beijos e amassos!!

Um comentário

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